Todos os principais acionistas do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB Brasil Re) venderão ao menos uma fatia de suas ações na oferta pública inicial prevista para ocorrer até meados do segundo semestre. A União, a BB Seguridade Participações, a Bradesco Auto RE Companhia de Seguros têm a intenção, até o momento, de reduzir em até 50% sua participação no Instituto de Resseguros do Brasil. Já o Itaú Unibanco Holding, sócio por meio dos ramos Seguros e Vida e Previdência, pode abrir mão de até 100% das suas ações.
O Valor Econômico de hoje afirma que a expectativa no mercado é que, com a venda das participações, a operação movimente cerca de R$ 3 bilhões. A realização de uma oferta primária (aumento de capital) não faz parte do desenho inicial, mas também está sendo cogitada.
O Banco do Brasil deverá ser o principal coordenador da oferta, planejada para o início do segundo semestre. Bradesco e Itaú também atuarão na coordenação. A estruturação internacional deve ficar a cargo do J.P.Morgan. Ainda está indefinida a entrada de um quinto banco, lugar que está sendo disputado pelo BTG Pactual.
O desenho definitivo para a operação ainda tem de ser ratificado na reunião do conselho de administração. Na sexta-feira passada, os executivos das três instituições sócias se reuniram para dar andamento ao processo de preparação da oferta de ações ao mercado. Por enquanto, os encontros estão sendo comandados pelo vice-presidente de finanças do IRB, Fernando Passos. O executivo, egresso do Banco do Nordeste, ingressou no instituto no ano passado com a missão de conduzir a operação.
Atualmente, no bloco de controle estão a União, com 27,4%, a BB Seguros Participações e a Bradesco Auto RE Companhia de Seguros, com 20,4% cada uma. A Itaú Seguros e a Itaú Vida e Previdência detêm 15%.
O fundo de participações Caixa Barcelona, que é formado pelos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, possui 9,8% das ações. Apenas 6,8% restantes estão distribuídos entre seguradoras e empregados ativos e aposentados do IRB.
A saída total do Itaú do IRB ainda não está definida. Porém, o banco vem mostrando, desde o ano passado, um novo modelo no qual alguns ramos de seguro não farão mais parte de seu escopo. Em julho de 2014, o conglomerado vendeu por R$ 1,5 bilhão sua carteira de seguros de grandes riscos para a americana ACE e, agora, está prestes a se desfazer do braço de seguros de vida. Por causa dos movimentos de reestruturação na área, avaliam fontes, faria sentido encerrar sua participação no IRB.
O Bradesco, ao contrário, não pretende deixar a sociedade e deve se desfazer apenas de uma fatia. Seu negócio de seguros é bem estruturado, tem peso e relevância, o que justificaria a permanência, segundo profissionais do setor.
A oferta da parcela da União e do Banco do Brasil teria motivação meramente financeira, avalia fonte envolvida nas negociações. Isso porque, com a retração econômica com reflexos negativos sobre a arrecadação, o governo busca todas as fontes possíveis de receita para atingir a meta de superávit primário.
Ontem mesmo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ressaltou o interesse na abertura de capital do IRB como uma das medidas para ampliar recursos para o Tesouro.
O IRB foi fundado em 1939 e deteve o monopólio do mercado de resseguros até 2008. A companhia tem capital privado desde outubro do ano passado, quando foi concluído o processo de desestatização. De lá pra cá, fez esforços para melhorar processos de gestão. Conseguiu não perder mercado apesar do aumento da concorrência com a entrada de resseguradoras estrangeiras no país. Executivos ligados ao mercado de capitais dizem ter boas perspectivas para a operação, que poderia trilhar o caminho bem-sucedido da BB Seguridade. (do Valor Econômico)
Fonte: CNF, em 24.06.2015.