A nova edição do Balanço Observatório Anahp revela um contraste no setor de saúde suplementar: enquanto operadoras de planos de saúde registram crescimento nos resultados financeiros, os hospitais enfrentam queda expressiva em seus indicadores, com a menor margem EBITDA dos últimos quatro anos e aumento nas glosas
A 7ª edição do Balanço Observatório Anahp reforça que as operadoras de planos de saúde seguem com bons resultados financeiros, mas esses ganhos não estão sendo repassados aos demais elos da cadeia, entre eles os hospitais. Entre os pontos destacados pela publicação estão a queda do EBITDA dos hospitais associados à Anahp, o aumento dos percentuais de glosa e o acréscimo nos valores provisionados pelas operadoras para despesas futuras.
As informações foram debatidas no evento online “Anahp Ao Vivo”, que analisou os dados recém-divulgados pela ANS e as informações recentes do Sistema de Indicadores da Anahp. O encontro contou com a participação e análise de Luiz Feitosa e Adriano Londres, sócios-fundadores da Arquitetos da Saúde, e Antônio Britto, diretor executivo da Anahp.
Hospitais privados seguem sentindo impactos e pressão
Do lado do setor hospitalar, o Sistema de Indicadores da Anahp mostra que persistem as dificuldades para quem atua no mercado. A margem EBITDA apresentou redução em relação aos segundos trimestres anteriores, caindo de 14% em 2023 para 10,74% em 2025 – o menor resultado dos últimos quatro anos.
A glosa inicial subiu 2 pontos percentuais entre 2024 e 2025, passando de 12,45% para 14,6%. Na comparação entre 2023 e 2025, o crescimento já ultrapassa 5 pontos percentuais. A glosa final ficou em 1,97%, considerando todos os dados relativos ao segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.
“Em março do ano passado, eu disse que, enquanto o ano fosse ruim para as operadoras, dificilmente seria bom para o restante da cadeia. Isso não significa, porém, que um ano bom para as operadoras se traduza em um ano bom para os prestadores. Quando você apresenta os dados de glosas para alguém de fora, a reação é de espanto: começa em 14% ou 15% e termina em 2%. Isso claramente é ganho de prazo. Acredito que só poderemos afirmar que os resultados serão sustentáveis quando eliminarmos aquilo que é comum a todos: as ineficiências e desperdícios”, destacou Adriano Londres.
“Somos um setor. Não haveria saúde suplementar sem empresas que contratam operadoras, que contratam hospitais e empresas de medicina diagnóstica, que contratam fornecedores de equipamentos, serviços e insumos. A sustentabilidade do setor depende da boa prestação de serviços ao nosso verdadeiro patrão: o beneficiário. Seguimos na expectativa positiva e, por meio do diálogo e do debate, buscamos apontar possíveis caminhos para todos”, concluiu Antônio Britto.
GLOSA INICIAL DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE – INDICADOR GERENCIAL – (%) – MÉDIA DOS HOSPITAIS ANAHP – 2TRI2023 A 2TRI2025

GRÁFICO X | MARGEM EBITDA (%) – MÉDIA DOS HOSPITAIS ANAHP – 2TRI2022 A 2TRI2025

Fonte: Sistema de Indicadores Hospitalares Anahp
A dúvida sobre a razão do crescimento de reservas técnicas
A própria ANS tem chamado a atenção para outro ponto relevante nos dados divulgados neste mês e comentados pelo Balanço da Anahp: o crescimento dos recursos que as operadoras vêm reservando para eventos já ocorridos e não informados – a chamada PEONA. Esses valores representam procedimentos realizados pelos beneficiários, mas ainda não comunicados às operadoras pelos prestadores.
Nos últimos meses, especialmente no último trimestre, houve um aumento incomum nesses valores. Entre as hipóteses, está a possível relação com o índice de glosas. Esse provisionamento pode significar maior ganho financeiro para as operadoras, mas preocupa porque impacta o fluxo de caixa e a velocidade de pagamento das despesas médicas.
“Esse provisionamento pode gerar maior rentabilidade sobre aplicações financeiras, mas nos preocupa porque, de alguma forma, tem refletido no fluxo de caixa das operadoras e na velocidade com que elas pagam as despesas médicas – ainda que isso não seja totalmente transparente nos dados públicos”, afirmou Luiz Feitosa, diretor da Arquitetos da Saúde.
EVOLUÇÃO DAS PROVISÕES TÉCNICAS (PESL E PEONA) – MODALIDADE – SEGURADORA

Fonte: Anahp, em 17.09.2025