Por Jennifer Elaina (*)

Seguros descomplicados: entenda como a tecnologia está trazendo proteção acessível para mais brasileiros e criando um novo diálogo entre empresas e clientes.
A burocracia dos seguros perde terreno para plataformas digitais e automação. Some-se a isso o fim dos formulários intermináveis e daquele jargão que ninguém entendia.
Essa transformação disruptiva não é um evento isolado. Ela segue o rastro profundo deixado pela revolução dos bancos digitais, que simplificou o acesso a serviços financeiros, e, mais recentemente, pelo estrondoso boom das criptomoedas. O crescimento e a consolidação deste mercado, exemplificado por ativos relevantes como o ethereum hoje, simbolizam de forma clara uma nova era: aquela em que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas o alicerce fundamental sobre o qual se constroem a segurança, a transparência e a eficiência em todos os setores, incluindo o de seguros. É uma mudança de paradigma onde a inovação dita o ritmo.
Assim, seguradoras e insurtechs correm para se adaptar. Seu foco: reduzir riscos, descomplicar o atendimento e alcançar quem sempre ficou de fora. No horizonte próximo, confiança e vida digital serão uma coisa só.
O abismo a ser vencido
Enquanto nos Estados Unidos os seguros representam mais de 11% do PIB, no Brasil esse número mal chega a 4%. A explicação para a disparidade vai além da questão econômica. Há uma barreira cultural a ser transposta.
"O brasileiro ainda encara o seguro como uma despesa, não como um aliado. E, para piorar, é uma despesa que muitas vezes não cabe no bolso. Precisamos virar esse jogo, criando produtos que falem a língua do cliente e que caibam no seu orçamento", observa Ana Paula Fernandes, consultora do setor.
A conta fica ainda mais complicada com a fúria da natureza. As mudanças climáticas viraram o calcanhar de aquiles das seguradoras. Os prejuízos bilionários causados por enchentes no Sul, secas no Nordeste e queimadas no Centro-Oeste forçam uma pergunta crucial: como precificar o imprevisível? A resposta que ganha força é simples, mas exige uma guinada: é mais barato e inteligente evitar o desastre do que consertá-lo.
Os olhos que vêem antes do acontecer
A grande virada está no uso estratégico dos dados. Algoritmos de Inteligência Artificial estão redesenhando a relação com o risco. Na hora de calcular o preço de uma apólice, sistemas cruzam informações que vão do histórico do cliente até seus hábitos de consumo, criando um retrato fiel do perfil. Quem dirige pouco, paga menos. A lógica do "quanto maior o risco, maior o preço" dá lugar a uma precificação justa e sob medida.
Mas a verdadeira revolução está na prevenção. A Internet das Coisas coloca olhos e ouvidos eletrônicos em ativos valiosos. Sensores em caminhões avaliam a condução do motorista, incentivando a direção segura. Em casas e escritórios, dispositivos detectam um vazamento de água ou um princípio de incêndio, enviando um alerta imediato para evitar uma tragédia maior.
"Saímos do 'pague e esqueça' para o 'previna e confie'. Oferecemos benefícios a quem adota medidas de segurança, porque isso evita dor de cabeça para o cliente e prejuízo para nós. Todo mundo sai ganhando", comenta Ricardo Torres, CEO de uma seguradora.
A chave da confiança chama-se blockchain
A desconfiança é um inimigo antigo das seguradoras. A imagem de processos de sinistro travados na burocracia ainda assombra o setor. É contra esse fantasma que luta o blockchain. A tecnologia por trás das criptomoedas está sendo usada para criar os "contratos inteligentes".
Funciona assim: num seguro de viagem, as regras de cancelamento por mau tempo são programadas no sistema. Se a companhia aérea cancela o voo, o blockchain consulta uma fonte confiável e libera o pagamento da indenização automaticamente. Sem aprovação de um analista, sem papelada, sem espera. A máquina cumpre o combinado, e a confiança, aos poucos, é reconstruída.
Insurtechs – startups de seguro
A disrupção não vem apenas dos grandes players. Um exército de insurtechs – startups de seguro – sacode as estruturas do mercado com agilidade e foco. Operando 100% online, com linguagem clara e interfaces amigáveis, elas conquistam um público jovem que não tem paciência para formulários em papel.
Muitas delas miraram nichos que as gigantes ignoravam. Hoje, é possível segurar uma bicicleta elétrica, um celular de última geração ou até mesmo garantir assistência financeira para a perda de um animal de estimação.
"Vimos oportunidades onde os grandes não enxergavam. Enquanto eles trabalham com produção em massa, nós oferecemos soluções sob medida para realidades específicas. A tecnologia nos permite fazer isso de forma viável", diz Juliana Costa, fundadora de uma insurtech para autônomos.
Longe de uma guerra, o que se vê é uma colaboração crescente. As seguradoras tradicionais, percebendo a agilidade das recém-chegadas, optam por investir ou firmar parcerias, absorvendo um pouco de seu DNA inovador.
A proteção no seu tempo
O futuro do seguro é flexível. Os modelos "por assinatura" ou "sob demanda" ganham terreno. O conceito é simples: por que pagar por um ano inteiro se a proteção só é necessária por alguns dias? Agora, é possível ativar uma cobertura para o celular apenas durante as férias ou para um carro alugado em um final de semana.
A invisibilidade é a outra tendência. O seguro está se embutindo silenciosamente em transações cotidianas. Ao comprar uma TV nova na internet, a opção de seguro contra quebra acidental aparece no mesmo checkout. Na aquisição de uma passagem aérea, um plano de assistência em viagem é oferecido ali, na hora. A proteção deixa de ser um produto que se busca para virar um serviço que se encontra.
(*) Jennifer Elaina é especialista em seguros, trabalha com redação, revisão e otimização SEO desde 2012. É formada em Gestão de Seguros, Marketing e tem pós em Administração na FGV, possui curso técnico em Direito do Seguro. Possui mais de 3.000 textos e 5 e-books publicados na área de seguros.
(04.12.2025)