Ao lado dos multipatrocinados e instituídos, os fundos de pensão dos servidores formam as vertentes com maior potencial de crescimento de nosso sistema. É o que dizem todos os especialistas e algo que se confirma ao se ouvir os dirigentes das entidades que formam a previdência complementar do funcionalismo. “No primeiro trimestre deste ano contávamos com 345 participantes. Hoje já são 1.009”, resume Elaine de Oliveira Castro, diretora-presidente da Funpresp-Jud, a entidade que reúne o pessoal do Poder Judiciário.
Já Ricardo Pena, diretor-presidente da Funpresp-Exe, que administra os planos do funcionalismo do Executivo e do Legislativo, estima que 25% dos novos servidores já aderiram, percentual que chega aos 44% se desconsiderado o pessoal da área da educação, até agora o mais resistente ao ingresso.
Para ajudar a mensurar o potencial de crescimento da SP-Prevcom, a fundação dos servidores estaduais de São Paulo, o seu presidente, Carlos Henrique Flory nota que os 550 mil funcionários atuais deverão se aposentar no prazo médio de 11 anos. “Era preciso fazer alguma coisa e está sendo feita”, diz Flory.
Para José Roberto Ferreira, Diretor de Análise Técnica da Previc, não existe dúvida: “a implementação da Previdência Complementar dos servidores equivale a uma grande reforma da Previdência”. Tal a dimensão que ele atribui ao avanço do processo.
Campanha em 2015 - E Elaine, da Funpresp-Jud, mostra disposição para um esforço a mais: “Em 2015 teremos uma forte campanha para fomentar a adesão de novos servidores, em parceria com as áreas de RH dos mais de 90 patrocinadores de planos da entidade”. Este ano, explica, já se tornou rotina as visitas feitas aos diversos órgãos, onde os agentes da Funpresp-Jud passam o dia e eventualmente até mais dias se necessário.
Mesmo fora dessas visitas programadas, está à disposição de qualquer servidor agendar hora para ser atendido de forma personalizada. O esforço de conquista do público-alvo passa também pela produção de cartilhas, manuais e boletins periódicos, além é claro de um portal onde ao lado de informações é possível se ter acesso a um simulador do valor do benefício.
Maior ainda - Em busca de seu público, a Funpresp-Exe, explica Ricardo Pena, realizou no ano passado mais de 240 eventos, entre palestras, treinamentos e workshops e em 2014 o número caminha para ser maior ainda. Até porque o desafio é grande, uma vez que os patrocinadores somam 205, onde trabalham servidores distribuídos entre cerca de 120 diferentes carreiras.
“Temos boas perspectivas de crescimento mesmo no curto e médio prazo, levando em conta que o governo caminha para renovar o seu quadro de pessoal”, explica Ricardo Pena, informando que o número de participantes já chega hoje aos 7.300. A entidade arrecada agora mensalmente R$ 40 milhões. E o dirigente sonha com mais: “estamos atentos à possibilidade de virmos a contar no futuro com mecanismos como a adesão automática ou inscrição simplificada”.
Na SP-Prevcom, uma das maiores preocupações no caso dos planos CD puros é mostrar aos participantes que eles não estão sozinhos em matérias de riscos. Um seguro de morte e invalidez é oferecido, mas o patrocinador não assume parte do custo, o servidor paga a conta inteira. Funciona assim, segundo explica Flory, porque os funcionários têm diferentes perfis e devem ser deixados à vontade para fazer as opções conforme as suas próprias demandas.
No futuro, como as pessoas vivem cada vez mais, a ideia, explica Flory, é talvez oferecer ao servidor, que até esse momento já terá deixado de pagar o prêmio por morte e invalidez, um seguro de longevidade. “Isso mostra a necessidade de as seguradoras desenvolverem novos produtos”, defende Flory.
José Roberto, da Previc, ao traçar o quadro do potencial de crescimento dos fundos dos servidores, lembra que o País possui 2.050 regimes próprios, 28 estados e nada menos de 285 municípios com mais de 100 mil habitantes e 139 com PIB superior a R$ 1 bilhão.
Ele diz apostar na capacidade do Prev-Federação, um fundo de pensão multipatrocinado que está sendo estruturado pela Caixa e irá receber estados e municípios que, não tendo ainda escala suficiente, podem preferir optar ao menos inicialmente por uma solução coletiva, no lugar de criarem a sua própria entidade.
Fonte: ABRAPP, em 19.11.2014.