O economista Sergio Bessermann concorda, mas aponta como fracasso a meta de despoluição da Baía de Guanabara
Na condição de presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o economista Sergio Bessermann Vianna não tem dúvida de que as Olimpíadas de 2016 darão certo e que deixarão um legado à cidade. “Afinal, temos o exemplo da Copa do Mundo e Deus é carioca”, disse, brincando. Mas, “tirando o chapéu da prefeitura”, ele fez críticas à organização do evento, classificando de “fracasso” a promessa de despoluição da Baía de Guanabara. “Continua o mesmo penico”, disse ele, em sua participação como palestrante e mediador do painel “Olimpíadas”, realizado nesta quarta-feira, 16, segundo dia da 7ª Conseguro.
Por outro lado, Bessermann destacou que o aspecto positivo dessa situação é o envolvimento da sociedade com a questão ambiental. “Ficou evidente para a população que não temos como enfrentar o desafio de despoluir a Baía de Guanabara”, disse. Segundo ele, outros países que passaram por situações semelhantes tiveram mais sucesso. “Todas as baías despoluídas criaram uma ‘authority’ - assim mesmo, com o termo em inglês. Acho que deveríamos criar uma também”, disse. Por fim, o economista concluiu que, apesar de a Baía de Guanabara continuar poluída, a Olimpíada deixará como legado a melhoria do trânsito e a segurança, entre outros.
Menos crítico, o debatedor do painel, o jornalista Toninho Nascimento, que atuou como editor de esporte e secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor no ministério do Esporte até fevereiro deste ano, fez um comparativo entre Olimpíadas e Copa do Mundo. Entre os dados apresentados por ele, o que mais chamou a atenção foi o volume de investimento do setor privado em ambos os eventos esportivos. Na Copa do Mundo, o setor público arcou com R$ 84,2 bilhões e o privado com R$ 15,8 bilhões. Já nas Olimpíadas, até o momento, o setor público desembolsou R$ 43 bilhões e o privado, R$ 57 bilhões.
Toninho Nascimento acredita que as Olimpíadas serão benéficas para a população carioca se repetir a fórmula da Copa do Mundo. “O Centro de Segurança, exigido pela Fifa durante a Copa, foi um legado espetacular”, disse. Ele apresentou dados sobre a destinação do orçamento de R$ 27,1 para a Copa do Mundo, que foi distribuído em investimentos em mobilidade urbana (R$ 8,7 bilhões); aeroportos (R$ 6,3 bilhões, dos quais R$ 3,6 bilhões do setor privado); portos (R$ 600 milhões); segurança e defesa (R$ 1,8 bilhão), entre outros. “Copa e Olimpíadas são motivadores para que as instâncias públicas trabalhem juntas e ajudem o Brasil”, disse.
Fonte: CNseg, em 17.09.2015.