Pesquisa com membros de conselhos de administração, conselho fiscal e comitê de auditoria reforça alerta sobre crises emergentes
Em meio ao complexo cenário empresarial atual, a mitigação de riscos mostra-se fator imprescindível para o sucesso dos negócios. Dentre os inúmeros elementos potencialmente considerados ameaças na atualidade, a escassez de energia foi considerada como o risco mais crítico para as empresas por 38% dos respondentes; na sequência aparecem inovação/desenvolvimento de novos produtos (32%), transporte e logística (14%), mídias sociais (11%) e escassez de água (5%).
Os dados foram levantados em pesquisa interativa, respondida durante o último encontro do Audit Committee Institute (ACI) da KPMG no Brasil, com público de 139 participantes composto por conselheiros de administração, conselheiros fiscais e membros de comitê de auditoria de empresas de diversos setores.
Dentre outras conclusões, destaca-se a baixa expectativa com relação ao resultado do PIB nacional: 55% prevê recuo no desenvolvimento (entre -2% e zero por cento); 16% acreditam em retração maior que 2%; 15% supõem desenvolvimento entre zero e 1%; 11% consideram crescimento nulo, e uma pequena parcela otimista aposta em crescimento maior que 1% (3% dos respondentes).
“Em face da crise hídrica que vivemos atualmente, a probabilidade de uma crise elétrica é eminente, caso medidas mitigadoras não sejam acionadas. A consolidação dessa possibilidade seria danosa para todos os segmentos e tipos de negócios, já que os equipamentos e maquinários poderiam parar ou reduzir a sua operação. Essa realidade, no entanto, também traz à tona questões como a responsabilidade empresarial na gestão desses recursos críticos para a produção e desenvolvimento de empresas e pessoas”, comenta o sócio-líder de Risk Consulting KPMG no Brasil, Sidney Ito.
Outras conclusões:
-Segurança da Informação
Segundo o levantamento, 32% dos respondentes afirmam que o cyber security (segurança da informação) é o tema menos discutido durante as reuniões dos conselhos e comitês os quais são integrantes.
-Governança Corporativa
Durante a pesquisa, os participantes foram questionados sobre qual tem sido a maior contribuição dos órgãos reguladores para o desenvolvimento das boas práticas de governança corporativa no Brasil. O item votado como medida mais importante (31%) foi a garantia do acesso do público e do investidor às informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido; na sequência, aparecem: regulação das práticas de governanças (27%), punição às empresas e administradores pela falta de cumprimento às boas práticas de governança (19%), e orientação sobre as boas práticas de governança (15,5%).
-[endif]Divisão de responsabilidades
Quase 40% dos respondentes consideram o Conselho de Administração o principal responsável legal pelas decisões e ações da companhia. Já 31% veem a responsabilidade dividida igualmente a todos os membros da alta administração; 19% atribuem a obrigação aos CEOs; 5% ao Conselho Fiscal; 4% aos CFOs e 2% aos Comitês de Auditoria.
“Os resultados obtidos a partir dessas pesquisas interativas são um importante termômetro que revela como os conselheiros e membros dos comitês de auditoria enxergam o ambiente em que as empresas em que atuam estão inseridas. Identificar, analisar e discutir esses diagnósticos é fundamental para preparar-se estrategicamente para as surpresas e adversidades do mercado”, completa Ito.
A mesa de debates contou, ainda, com palestra de Leonardo Pereira, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que falou sobre as responsabilidades e os riscos na atuação do conselho de administração e do comitê de auditoria. Ele estimulou a reflexão acerca do ambiente corporativo altamente desafiador e o compromisso de gerenciar a complexa gama de riscos envolvidos nos negócios. No evento, também foram apresentados os resultados da Pesquisa Global 2015, que aponta os principais desafios e preocupações dos membros de comitês de auditoria e de conselhos de administração para 2015. A pesquisa global, sob responsabilidade do ACI Institute, teve 1.500 respondentes em 35 países, incluindo o Brasil – 4º colocado em quantidade de participantes.
Fonte: Ricardo Viveiros, em 20.05.2015.