IBGC participa da Cúpula pela Sustentabilidade capitaneada pelo Príncipe de Gales
Durante o dia 11, líderes globais de contabilidade e finanças reuniram-se na Cúpula pela Sustentabilidade (A4S, na sigla em inglês), projeto liderado pelo Príncipe de Gales, para promover ações práticas a transformar o atual cenário em uma economia mais sustentável.
O anfitrião convidou os participantes a convencerem seus pares a darem a devida importância ao tema, salientando a urgência na ação. “Se cada um conseguir convencer apenas outros cinco para começar respondendo por sustentabilidade, no prazo de cinco anos, poderíamos chegar a três milhões de contadores no mundo. No entanto, é muito tempo. De modo que cada um precisa sair correndo e convencer dez! E então realmente estarão ajudando a salvar o mundo!"
Os painéis ao longo do dia seguiram semelhante tom e foram contextualizados com a mudança de visão dos profissionais da área de finanças e contabilidade. Enquanto em 2003, 63% deles indicavam que os problemas ambientais eram irrelevantes para seus clientes e 97% afirmavam não ter nenhuma demanda para avaliar iniciativas ambientais, em 2014, 45% passaram a incluir fatores socioambientais em suas apresentações aos tomadores de decisão.
A mudança, no entanto, foi vista como aquém das atuais necessidades de transformação. “Estamos longe de uma situação satisfatória, principalmente se considerarmos os impactos sociais e ambientais que estamos observando e a eminência de uma situação que poderá não ter retorno”, avaliou a presidente do Conselho de Administração do IBGC, Sandra Guerra, participante do evento pelo Instituto.
Agentes de mudança
Para A4S, os contadores e diretores financeiros estão no “centro da engrenagem para conduzir a mudanças em direção à sustentabilidade, enquanto ainda há tempo”. Segundo a diretora de Finanças e Regulação da empresa europeia South West Water, Susan Davy, eles são “os responsáveis em assegurar que as empresas façam investimentos sustentáveis”.
Já o outro painelista e diretor de Finanças da SSE, empresa de energia do Reino Unido e Irlanda, Gregor Alexander, chamou a atenção que os impactos socioambientais devem ser considerados nos investimentos de longo prazo, sem ficar restrito aos resultados financeiros. “Se não pensarmos nesse impacto, em 10 anos seu negócio pode não estar mais aqui", refletiu o diretor financeiro do Walmart EMEA (Europa, Oriente Médio e África), Richard Mayfield.
De acordo com o diretor de Finanças da Sainsbury’s, cadeia de supermercados do Reino Unido, John Robers, é preciso que os investidores comecem a fazer as perguntas corretas, bem como destacou a responsabilidade dos profissionais das organizações incluírem a temática em seus materiais de análise e apresentação.
Conforme observou Guerra, os palestrantes mostraram convicção de que ao incorporar o pensamento sustentável serão obtidos resultados melhores e mais lucrativos.
Próximos passos
Convidados a selecionar as prioridades para os próximos anos, os participantes indicaram à A4S priorizar programa de treinamento e educação, no qual busque mudança na grade curricular das escolas de negócios, universidades e organizações de contabilidade a fim de formar uma nova geração de líderes com as habilidades e competências alinhadas à sustentabilidade.
As ações promovidas pela A4S, segundo Guerra, tem cumprido relevante papel na mudança de paradigma. “Ao reunir líderes de todo o mundo da comunidade financeira e de contabilidade com o grande envolvimento e compromisso do Príncipe de Gales pessoalmente, a iniciativa está colhendo os frutos dos progressos, mas ainda estamos muito longe de uma situação de conforto. É importante que a A4S e outra iniciativa nascida a partir desta mesma ação, o International Integrated Reporting Council (IIRC), sigam promovendo passos realmente transformadores para acelerar as mudanças”.
Nesse caminho, ela evidencia o papel dos administradores e profissionais de contabilidade e finanças. “Eles não podem mais fechar os olhos para a responsabilidade que todos temos - em grupo e individualmente - para passar a gerir nossos negócios e planejar nossos projetos e investimentos considerando seus impactos sociais e ambientais. O mundo tem dado sinais inequívocos de exaustão. Cada profissional e cada empresa poderá agir para contribuir com a transformação necessária no ambiente empresarial nos conduzindo a um mundo que possa oferecer um futuro para as próximas gerações.”
Diante dos desafios em engajar esses profissionais relatados por Guerra ao Príncipe de Gales, ele reforçou: “não podemos desistir. Devemos continuar buscando incentivá-los”.
Fonte: IBGC, em 17.12.2014.