Por Jorge Wahl
Os brasileiros que investem no Exterior ou que pensam em fazê-lo têm diante de si nesses dias, de um lado, uma mudança concreta a ocorrer em outubro na norma e, de outro lado, a expectativa de que esses investimentos se tornem uma opção de fato crescente, inclusive para fundos de pensão.
A mudança é a permissão, a vigorar a partir de outubro próximo, para as pessoas físicas investirem lá fora valores inferiores ao piso atual de R$ 1 milhão. Para Ricardo Ventrilho, responsável pela área de Investimentos da Mercer na América Latina, tal redução provavelmente produzirá uma mexida no mercado capaz de favorecer os fundos de pensão, uma vez que o aparecimento de um maior número de cotistas nos fundos de investimento locais deverá se traduzir em mais opções de carteiras e de estratégias, num mercado doméstico que hoje se ressente das poucas escolhas disponíveis.
Entidades com patrimônio menor - Nota Ricardo Weiss, da MSCI, consultoria que elabora índices de ações para regiões e países, que potencialmente os desdobramentos podem ir além disso, especialmente se a mudança for acompanhada de outras. Atualmente, o teto colocado para os fundos de pensão de 25% - para investir no exterior - de um mesmo fundo de investimento no Brasil inibe as alocações no exterior. Dois são os motivos: conseguir quatro investidores interessados no mesmo fundo objeto e o apetite para investir do menor dos quatro fundos de pensão limitar os maiores. As entidades de grande porte que potencialmente podem investir dezenas de milhões de dólares ou reais precisam de fundos com total investido bem maior. A abertura deste mercado para pessoas físicas, em número maior de pessoas, pode ensejar a formação de fundos não necessariamente de porte muito grande, abrindo espaço e uma variedade de opções maior para os fundos de pensão de menor porte.
Seja por esta ou qualquer outra razão, de seu ponto de observação no mercado Ricardo Ventrilho já vem notando um maior número de consultas de fundos de pensão brasileiros interessados em investir no exterior. Ele não arrisca estimar o crescimento, mas garante que esse movimento ascendente está sendo claramente percebido e se manifesta particularmente pelo interesse em conhecer melhor as opções que o Mundo oferece. E não são poucas alternativas, considerando que o mercado interno registra atualmente ao redor de 30 fundos locais investindo no Exterior, quando internacionalmente são mais de 100 mil. É interessante conhecer melhor as escolhas possíveis no Mundo para se saber se o veículo disponível no Brasil está sintonizado com esse leque de possibilidades, observa Ventrilho.
“Esse maior interesse por fundos offshore veio para ficar, porque é resultado não apenas do momento difícil que a economia brasileira atravessa, mas também e talvez principalmente do reconhecimento da importância de se diversificar, aplicando de forma descorrelacionada ao mercado brasileiro”, assinala Ventrilho.
Para Weis, existem mais razões até para investir no Exterior. Como a busca de diversificação de moeda, de classes de ativo com correlação menor entre si e de títulos e ações com relação de retorno sobre risco favorável.
Mas há além disso a crença bastante disseminada no mercado que o mais importante continua sendo retirar o que atualmente trava o crescimento desse mercado, que é a existência do teto que veda a qualquer entidade deter mais de 25% de um mesmo fundo de investimento. É isso que no entendimento de muitos especialistas está engessando e limitando o crescimento.
Fonte: Abrapp, em 16.07.2015.