Por Fábio Coelho
Combinação de envelhecimento populacional, custos regulatórios e baixa adesão ameaça a sustentabilidade das entidades de menor porte
Durante recente visita a Berlim para compromissos profissionais, o que me chamou atenção não foram só os belos monumentos da cidade, mas a presença numerosa de idosos nas ruas. Essa cena urbana, comum na Alemanha, funciona quase como um espelho antecipado da transição demográfica que viveremos no Brasil.
A título de comparação, a Alemanha tem hoje 22% da população acima dos 65 anos, praticamente o dobro da proporção brasileira. Mas a velocidade da mudança impressiona por aqui. O último Censo mostra que o contingente de idosos brasileiros cresceu 57% em apenas 12 anos. Mantido o ritmo, em 2045, um quinto da população estará nessa faixa etária.
O impacto não será apenas social, e as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) já sentem essa pressão. Os fundos de pensão já convivem há tempos com a realidade de que seus fluxos de pagamentos mensais são negativos, com curva acelerada de redução de patrimônio. Para compensar, surgem tentativas de ampliar a base de participantes e melhorar a experiência dos usuários. Mas a disputa por novos clientes é árdua, sobretudo contra produtos de seguradoras e bancos, que têm alcance comercial muito maior.
Fonte: Valor Investe, em 19.09.2025