
*Edição nº 460 da Revista da Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta
Por Flávia Silva
Lifelong learning: conceito antigo, motivações renovadas – A “aprendizagem ao longo da vida” – ou lifelong learning – não é um conceito novo. Todavia, a abordagem ganha cada vez mais relevância diante das transformações tecnológicas e da busca por maior igualdade social, uma das metas do G20, agora sob a presidência da África do Sul. A aprendizagem ou educação continuada também se mantem no topo da agenda de reguladores dos mais diversos países em função do aumento da longevidade e da consequente necessidade para que as pessoas permaneçam ativas por mais tempo, desempenhando funções que podem vir a mudar na medida em que envelhecem, acompanhando sua evolução física, social e cognitiva.
O Grupo de Trabalho de Educação do G20 (Education Working Group – EdWG) foi criado durante a presidência da Argentina, em 2018, e desde então consolidou-se como instância permanente. Desde sua fundação, o colegiado tem enfrentado múltiplos desafios, entre eles a necessidade de fortalecimento dos resultados da aprendizagem, a incorporação de ferramentas tecnológicas e da digitalização no ensino, o financiamento sustentável, a cooperação internacional e o desenvolvimento de competências para a vida e para o trabalho. Também figuram como prioritárias a educação infantil, a promoção da educação universal de qualidade e a integração da dimensão da sustentabilidade aos currículos.
Dentro desse esforço, a ênfase recai sobre a educação continuada: um eixo estratégico para equipar populações em transição demográfica e tecnológica, reduzir desigualdades históricas e alinhar sistemas nacionais de ensino aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Goals – SDGs). Ao articular a agenda africana com o debate global, a África do Sul sinaliza que a formação permanente – do cuidado na primeira infância à (re)qualificação para o mercado de trabalho – é condição essencial para assegurar inclusão, competitividade e resiliência nas próximas décadas.
Apesar da redução da pobreza global, ressalta o G20, o World Inequality Report de 2022, que reúne dados de mais de 70 países sob a coordenação da École d’économie de Paris, aponta que as desigualdades de renda e riqueza se agravaram nas últimas décadas. Uma das razões é que as tecnologias digitais emergentes não beneficiaram a todos de forma equitativa. Segundo os estudiosos, parte da solução passa por ampliar o contingente de indivíduos com conhecimento aprofundado dessas tecnologias, garantindo, assim, acesso às oportunidades econômicas e do mercado de trabalho que elas oferecem.
Nesse contexto, em 2025, o Grupo de Trabalho de Educação do G20 definiu como subtema “Profissionais da Educação para Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, eixo que será tratado a partir de prioridades específicas, refletindo a visão da África do Sul de que a educação continuada e a capacitação docente são elementos centrais para reduzir desigualdades e promover inclusão no século XXI. O objetivo é reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação dos sistemas educacionais mundo afora.
De acordo com Andreas Schleicher, Diretor de Educação e Habilidades da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), dado o ambiente de rápida transformação, a aprendizagem ao longo da vida é essencial. “Antes aprendíamos para trabalhar; hoje, aprender faz parte do trabalho”, afirmou. Ele argumenta que a educação continuada permite às pessoas acompanhar a evolução das demandas por novas competências, transitar entre diferentes ocupações e participar plenamente da vida em sociedade, ao mesmo tempo em que fortalece a inclusão social e a resiliência laborativa. “É por isso que parte dos debates do GT de Educação do G20 neste ano se dedica ao tema do desenvolvimento de novas competências e da aprendizagem ao longo da vida.”
(Continua…)
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Fonte: Abrapp em Foco, em 27.10.2025.