
*Edição nº 460 da Revista da Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta
Caderno especial do Seminário Internacional da UniAbrapp – por Flávia Silva
Em uma apresentação detalhada sobre os desafios globais dos fundos de pensão, Amlan Roy abordou de forma aprofundada a interconexão entre demografia, economia e sustentabilidade. Já no início da sua exposição, o palestrante aponta Peter Drucker, considerado o maior guru de gestão do século XX, como referência para compreender a relação entre demografia e previdência. Drucker previu, já em 1976, a inviabilidade de longo prazo dos planos de Benefício Definido (BD), defendendo a transição para modelos de Contribuição Definida (CD). “A demografia é o fator mais importante ao qual não damos atenção – e, quando damos, geralmente interpretamos de forma equivocada”, sustenta Roy, relembrando a obra The Pensions Revolution.
Segundo o estudioso, ao analisar a demografia, deve-se considerar fatores como dívida e as taxas de desconto (D), crescimento econômico-ecológico (E), mortalidade (M), comportamento organizacional (O), pessoas, previdência e política (P), sustentabilidade e consumo (S), entre outros. “Demografia não é apenas idade. ‘Demos’ significa pessoas e ‘graphos’ características. É sobre trabalhadores, consumidores e seu papel no PIB”, frisou. O pesquisador explica que cada indivíduo, do nascimento até a morte, atua duplamente como consumidor e trabalhador. “O consumo representa entre 50% e 60% do PIB dos países. Contribuímos para esse PIB e também consumimos a maior parte dele, então nunca pense que demografia é apenas sobre idade”, argumentou.
E por que é importante considerar esse duplo papel de trabalhar e consumir? Porque pessoas da mesma idade podem ter perfis completamente diferentes. “Os cinco países mais envelhecidos – Japão, Itália, Alemanha, Suécia e Grécia – compartilham indicadores etários semelhantes, mas apresentam realidades distintas de consumo, educação, aposentadoria e saúde.” Essa heterogeneidade, segundo Amlan Roy, deve ser considerada tanto por governos quanto por empresas. “A demografia impacta diretamente os resultados e o balanço patrimonial de empresas, domicílios e nações.”
O palestrante debruçou-se sobre os cinco estágios de transição demográfica, caracterizados pela combinação entre taxas de natalidade e mortalidade. Países ricos, como Japão, Suécia e Alemanha, estão em estágios avançados (próximos ao 5º), enquanto economias como Índia, Bangladesh e Vietnã ainda transitam entre o 3º e o 4º estágios. “Os diferentes estágios implicam realidades distintas tanto para o trabalho quanto para o consumo. Podemos ter a mesma idade, mas não consumimos as mesmas coisas”, reforça.
(Continua…)
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Fonte: Abrapp em Foco, em 28.10.2025.