
Edição nº 460 da Revista da Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta
Caderno especial do Seminário Internacional da UniAbrapp – por Flávia Silva
Manuel Caldeira Cabral discutiu os desafios demográficos e previdenciários enfrentados por Portugal e pelo Brasil, chamando atenção para a diferença na escala populacional entre os dois países. Ele destacou que o envelhecimento acelerado da população pressiona o sistema previdenciário e torna indispensáveis reformas estruturais para garantir sustentabilidade.
Referindo-se às faixas etárias que irão ingressar na aposentadoria nos próximos vinte anos em Portugal, o segundo palestrante do Seminário Internacional da UniAbrapp destacou ser “particularmente preocupante” ver que grupos etários que hoje correspondem a aproximadamente 3,5% ou 3% da população serão substituídos no mercado de trabalho nos próximos vinte anos por grupos que equivalem a apenas 2% da população.
Ao apresentar as pirâmides etárias de Portugal e do Brasil, Cabral mostrou que a base portuguesa é estreita, com topo largo, refletindo baixa natalidade e maior longevidade. O Brasil, por sua vez, ainda apresenta uma pirâmide com base relativamente mais larga, mas que já indica um estreitamento progressivo, sinalizando a transição demográfica em curso.
O especialista enfatizou que a escala populacional altera profundamente a dinâmica previdenciária: “Um por cento da população de Portugal não são dois milhões. Um por cento são cem mil habitantes. O que temos aqui é a entrada de 900 mil portugueses no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, um milhão e meio, quase o dobro, vão requerer a aposentadoria.” Num país com um bom sistema de saúde e uma das maiores expectativas de vida do mundo, isso significa que as pessoas também vão permanecer mais tempo aposentadas.
Segundo Cabral, os fluxos de entrada e saída na população ativa são o ponto crítico. Ele explicou que, no caso brasileiro, o fenômeno imediato não será a redução da população ativa, mas o aumento do peso dos trabalhadores com nível superior. “O número de formados vai crescer muito nos próximos vinte anos”, destacou.
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Fonte: Abrapp em Foco, em 15.10.2025