O Senado Federal realizou, nesta quarta-feira (15), sessão especial em homenagem ao Dia do Médico, celebrado anualmente em 18 de outubro. A solenidade, proposta pelo senador Dr. Hiran (PP–RR) e outros parlamentares, contou com a presença de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e destacou a importância dos profissionais da medicina para a saúde pública e o bem-estar da população brasileira.

Durante o evento, deputados e senadores defenderam a valorização da medicina, criticaram a abertura desordenada de escolas médicas e manifestaram apoio à criação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina, como forma de garantir a qualidade da formação e da assistência à população.
O senador Izalci Lucas (PL–DF) abriu a sessão destacando o papel ético e social da profissão. “Celebramos não apenas uma categoria, mas uma vocação. Antes de qualquer tecnologia, o que cura de verdade é a dedicação humana”, afirmou, elogiando o trabalho do CFM e dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) na defesa da ética e da dignidade profissional.
O senador Dr. Hiran (PP–RR), presidente da Frente Parlamentar Mista da Medicina (FPMed), falou em seguida e ressaltou os desafios enfrentados pelos médicos, como jornadas exaustivas, falta de infraestrutura, judicialização da profissão e defasagem da tabela do SUS. Ele também alertou para os casos de violência contra médicos e reforçou a importância do exame de proficiência. “Temos que proteger quem nos protege. Precisamos valorizar o médico e zelar pela qualidade da formação. O Brasil já é o segundo país do mundo em número de faculdades de medicina”, pontuou.
O deputado Dr. Zacharias Calil (União–GO), por sua vez, ressaltou que os conselhos de medicina têm sido pilares na formulação de políticas públicas e na regulação da prática médica, defendendo o exame de proficiência como medida essencial para proteger o paciente e o sistema de saúde.
O deputado Allan Garcês (PP–MA) relembrou o juramento de Hipócrates no plenário e defendeu a valorização da formação médica. “Se o MEC está negligenciando a formação de futuros médicos, nós, nesta Casa, temos de legislar para cuidar da vida”, afirmou. Já o deputado Dr. Fernando Máximo (União–RO) falou sobre a importância de unir fé e ciência no exercício da medicina e reforçou a necessidade de melhores condições de trabalho para os médicos, o que se reflete na qualidade do atendimento aos pacientes.

Para o deputado Dr. Luiz Ovando (PP–MS), a formação médica precisa ser protegida da ideologização. “Há muito a comemorar, mas também muito a lamentar. A abertura indiscriminada de escolas médicas ocorre porque o MEC permite”, criticou. A deputada Carla Dickson (União–RN) destacou o caráter humano e vocacional da profissão: “medicina não é uma profissão, é um sacerdócio. Temos que dar dignidade à profissão e fortalecer nossa representação no Congresso Nacional”, disse.
O deputado Dr. Frederico (PRD–MG) listou as principais pautas de valorização da categoria: segurança no trabalho, infraestrutura adequada, remuneração justa, regulamentação das escolas médicas e defesa do Ato Médico.
Ex-ministros da Saúde – Presente na sessão especial no Senado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta reforçou as preocupações com a explosão de cursos. “Saímos de 140 para quase 500 escolas médicas. Formamos 50 mil por ano e, nesse ritmo, teremos mais médicos do que técnicos de enfermagem”, alertou. Já o deputado Ricardo Barros (PP-PR), também ex-ministro, falou sobre o legado na pasta, que permitiu mais investimentos no SUS.
Por fim, o deputado Osmar Terra (PL–RS) defendeu a criação de uma carreira de Estado para médicos, nos moldes do que já existe para juízes, promotores e policiais, enquanto o deputado Vitor Lippi (PSDB–SP) destacou a dimensão humana do cuidado médico. “Nos momentos mais difíceis da vida, é um médico quem está ao lado do paciente. É uma profissão essencial para a sociedade”, declarou.
No Senado, CFM alerta para ataques estruturais à medicina
O presidente em exercício do Conselho Federal de Medicina (CFM), Emmanuel Fortes, participou, nesta quarta-feira (15), de sessão solene no plenário do Senado Federal em homenagem ao Dia do Médico, celebrado anualmente em 18 de outubro. Em seu discurso, Fortes fez um resgate histórico das dificuldades enfrentadas pela categoria e alertou para o que classificou como “ataques estruturais à medicina brasileira”, manifestando preocupação com a desvalorização da Lei do Ato Médico, a abertura indiscriminada de escolas médicas e a perda de protagonismo dos médicos nas políticas públicas de saúde.

“Foi uma estratégia urdida ao longo de cinquenta anos. Primeiro, chamaram o médico de mercenário. Depois tentaram substituí-lo sob o argumento de que a medicina estava desumanizada. A cada ataque, vinha uma tentativa de desmobilizar a classe médica”, afirmou. A homenagem feita no plenário do Senado foi proposta pelo senador Dr. Hiran (PP–RR), presidente da Frente Parlamentar Mista da Medicina (FPMed) e outros parlamentares, destacando o compromisso desses profissionais com a vida e com o fortalecimento do sistema público de saúde.
O presidente em exercício do CFM reconheceu a importância dos profissionais da medicina para a promoção da saúde e o bem-estar da população brasileira e destacou os desafios históricos da profissão, a formação médica e a necessidade de revisão das políticas públicas de saúde. Ele lembrou episódios históricos que, segundo ele, buscaram desmoralizar a profissão médica e transferir suas atribuições a outras categorias.
“Chegaram a dizer que psiquiatras eram sequestradores e que obstetras praticavam violência obstétrica. São narrativas que tentam corroer a confiança da sociedade nos médicos e abrir espaço para a ocupação indevida do exercício da medicina”, destacou. Fortes alertou ainda para o desmonte na formação médica e criticou as mudanças recentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de medicina, que, segundo ele, retiram conteúdos essenciais, como a medicina Legal e as disciplinas periciais, comprometendo a formação técnica e ética dos futuros profissionais.
“Precisamos formar médicos capazes de compreender a propedêutica, a prescrição terapêutica e a juridicidade do ato médico. Não podemos aceitar um modelo que dilui a identidade do médico e fragiliza o ensino”, reforçou. Fortes também destacou a dimensão estratégica da saúde na economia brasileira. “Os senhores sabem quanto a medicina movimenta no PIB nacional? Cerca de R$ 1 trilhão, o equivalente a 11% do Produto Interno Bruto. Nós movimentamos com a nossa presença e prescrição praticamente um décimo da economia do país”, afirmou.

Ele ressaltou que a magnitude financeira do setor também desperta interesses externos ao campo médico, o que amplia a necessidade de defesa da profissão. “Tudo isso está sob o olhar e o ataque de quem quer usurpar o papel do médico. Mas o médico é único na sua competência. A medicina é solidária, mas o ato médico é solitário. Quando decide, o médico assume a inteireza de sua responsabilidade”, declarou.
Ao encerrar sua fala, Emmanuel Fortes fez um apelo ao Parlamento e às autoridades de saúde para revisitar a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que, segundo ele, enfraqueceu a presença e o protagonismo do médico nas equipes de atenção primária. “Precisamos revisitar a PNAB, que tirou o médico do protagonismo, para dizer à sociedade que, a despeito de quem ataca a medicina, o médico continua sendo o protagonista de seus atos”, concluiu.
Fortes ainda refirmou o compromisso do CFM com a defesa da boa medicina, da ética e da formação de qualidade, reiterando sua disposição em dialogar com o Congresso Nacional e demais poderes pela valorização da profissão médica e pela garantia do cuidado seguro e humanizado à população brasileira.
Assembleia Legislativa de Santa Catarina homenageia médicos e entidades médicas

Os participantes defenderam a união da classe médica (Fotos: Jeferson Baldo/Agência AL)
Médicos e entidades médicas de todo o estado foram homenageados pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), na noite desta terça-feira (14), em sessão especial realizada em alusão do Dia do Médico, comemorado no próximo dia 18. O proponente da solenidade foi o deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), que também é médico.
Durante a sessão, os participantes defenderam a união da classe médica para o enfrentamento de desafios como a proliferação de cursos de medicina, a desinformação propagada por meio das redes sociais, com tratamentos ineficazes e prejudiciais à saúde, além da participação da categoria nos espaços de decisão sobre as políticas públicas relacionadas à saúde.
“Convido a todos nós: o médico não pode se afastar das grandes decisões, principalmente daquelas que definem o futuro da profissão. A saúde e a dignidade de nossa profissão dependem de decisões políticas e o médico precisa ficar atento”, afirmou Dr. Vicente, que se emocionou ao se referir aos agradecimentos recebidos pela atuação dos médicos. “Na hora que você recebe um abraço de um paciente ou de um familiar, tudo isso valeu a pena.”

O conselheiro federal Marcelo Reis representou o CFM na homenagem prestada pela Alesc
Conselhos de medicina – As autarquias foram representadas na cerimônia pelo conselheiro Marcelo Lemos dos Reis, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), e pela presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC), Andrea de Andrada Ferreira. O conselheiro federal reforçou o alerta para a proliferação das escolas de medicina sem critério e para o perigo da desinformação disseminada pelas redes sociais. “A nossa união é a primeira barreira contra o improviso, o charlatanismo, contra as falsas soluções”, comentou.
A diretora do CRM-SC também defendeu a união da classe visando à ocupação dos espaços de decisão e a eleição de médicos para cargos eletivos. “Nossa jornada é repleta de desafios. Digitalização, impactos das pandemias, abertura sem critérios de novas escolas médicas, distribuição desigual de profissionais e os crescentes casos de violência contra médicos”, declarou Andrea Ferreira.
O médico oncologista, professor aposentado e pesquisador, Ernani de São Thiago ocupou a tribuna em nome dos homenageados. Ele conclamou a categoria e os legisladores a detectar e corrigir os desvios na formação dos médicos, “voltada ao mercado, por meio de pseudofaculdades que vivem do autodenominado mercado da saúde”.
“Temos que aproximar nossas instituições para o bem da saúde e da vida”, afirmou. “Que este Dia do Médico seja um marco reflexivo profundo na grandeza de nossas atividades.”
Representantes de entidades médicas se manifestaram durante a sessão. O presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM), André dos Santos, ressaltou a importância da homenagem partir do Parlamento catarinense.
“Neste espaço onde a democracia faz morada, de onde emanam as leis de nosso estado, onde ecoa a voz dos catarinenses, os médicos e a medicina estão no lugar certo, porque a saúde deve ser priorizada por toda a sociedade que prima por igualdade e dignidade”, disse. “Não se faz saúde sem a mão e a mente do médico.”
A sessão especial contou ainda com a participação do presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc), Vânio Lisboa; do presidente da Academia de Medicina de Santa Catarina (Acamesc), Anastácio Kotzias Neto; do reitor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Zízimo Moreira Filho; além do deputado federal Fábio Schiochet (União-SC).
Homenageados:
- Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC)
- Associação Catarinense de Medicina (ACM)
- Academia de Medicina de Santa Catarina (Acamesc)
- Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc)
- Alceu Fernandes Filho, cirurgião-geral e bariátrico
- Altair Carlos Pereira, anestesiologista
- Antônio Marcos Duarte, clínico-geral
- Carlos Henrique Winck, ginecologista, obstetra e perito médico-legal
- Ernani Lange de São Thiago, oncologista, radioterapeuta, professor aposentado da UFSC
- Gilberto Lopes Gonçalves, angiologista, cirurgião vascular e médico da família
- Gladys Lentz Martins, neurologista
- João Maria Marques Rosa, clínico-geral e reumatologista
- Kátia Lin, neurologista e professora da UFSC
- Luiz Antônio Deczka, pediatra
- Maria Beatriz Silveira Silva, cirurgiã pediátrica
- Michael Ricardo Lang, neurocirurgião
- Osvaldo Quirino de Souza, neurocirurgião e coordenador do curso de medicina da Unifebe
- Pedro Chuji Nishimori, ortopedista e traumatologista
- Ricardo Maia Samways, ginecologista e obstetra
- Sebastião Resende Filho, anestesiologista
- Sérgio Malburg Filho, cirurgião do aparelho digestivo
- Yara Regina Mendes Zanis, ginecologista, obstetra e professora da Unidavi
Fonte: Portal CFM, em 15.10.2025.