Com o objetivo de discutir de forma livre, independente e fundamentada as pesquisas existentes em homeopatia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) realizará no dia 25 de novembro o seu I Webinar de Homeopatia. O evento busca oferecer um espaço de análise e reflexão crítica sobre a produção científica disponível, avaliando a consistência e os limites das evidências, bem como os desafios para o ensino e a pesquisa nessa área do conhecimento médico.
Segundo o coordenador da Câmara Técnica de Homeopatia do CFM, Francisco Cardoso, a iniciativa reflete o compromisso da autarquia com a ciência e com o debate responsável: “O CFM entende que a medicina deve ser sempre guiada por evidências. Por isso, abrimos este espaço para que pesquisadores, médicos e estudantes possam conhecer, discutir e avaliar de forma cautelosa o que de fato existe de ciência sobre a homeopatia”.
A primeira mesa redonda será dedicada aos estudos quantitativos em homeopatia, com apresentações sobre pesquisas laboratoriais, in vitro e ensaios clínicos, além de revisões sistemáticas e metanálises. Em seguida, a mesa sobre estudos qualitativos abordará análises socio-históricas, antropológicas e de qualidade de vida, bem como experiências acadêmicas e de integração da homeopatia com outras especialidades médicas no Brasil.
Com essa programação, o CFM reafirma sua postura de zelar pelo rigor científico e pela responsabilidade ética no exercício da medicina, promovendo um debate transparente e plural, sem preconceitos ou pré-julgamentos.
Atendimento ao trauma e capacitação em debate no CFM

A organização do sistema de atendimento a traumatizados foi o tema discutido na primeira Mesa Redonda do VII Fórum de Cirurgia Geral do CFM, presidida pelo cirurgião geral Marçal de Almeida Maia, preceptor de Residência Médica em Cirurgia Geral do Hospital Universitário Alcides Carneiro, em Campina Grande (PB). O coordenador da mesa destacou a importância da atuação do médico na “primeira hora do trauma, em que há maior possibilidade de salvar a vida do paciente politraumatizado”. A discussão foi moderada pelo conselheiro Gerson Junqueira Junior, representante do Rio Grande do Sul no CFM, também membro da Câmara Técnica.
Dando início às palestras, a primeira apresentação teve como tema Do Fragmento à Rede: Um novo modelo para o trauma no Brasil. A conferência foi conduzida pelo cirurgião Milton Steinman, professor assistente da Disciplina de Cirurgia de Urgência e Emergência da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. Membro da Câmara Técnica de Cirurgia Geral do Conselho, o médico participou de uma missão humanitária na guerra na Ucrânia e também no conflito em Israel. O palestrante apontou a preocupação com a escassez de profissionais interessados em se dedicarem ao atendimento ao trauma. “É raríssimo encontrar residentes que queiram cuidar de trauma durante a carreira”, destacou Steiman.
Durante a conferência, o médico traçou um paralelo com a pandemia de covid-19 e apontou o impacto dos acidentes nos óbitos registrados no País. Conforme ressaltou, o Brasil “registra aproximadamente 150 mil mortes por causas externas anualmente”. Para efeito de comparação, a pandemia registrou 705 mil mortes entre 2020 e 2023, número que levou 3 anos para ser alcançado”. “Com base na atual taxa de mortalidade indicada, levaríamos cerca de 5 anos para atingir o mesmo número de óbitos que o total de mortes por covid-19 registrado até 2023”, destacou o palestrante.
*Regulação e transporte das vítimas* – Dando sequência às discussões, o encontro contou com a apresentação do cirurgião geral Victor Leonardo Arimatéia Queiroz, diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Distrito Federal. O palestrante apontou os componentes do cenário pré-hospitalar, desde o dimensionamento da central de regulação médica para atendimento à população em franco crescimento, além da atuação conjunta com membros do Corpo de Bombeiros e outros profissionais da segurança pública.
Arimatéia Qeiroz apresentou ainda as etapas do atendimento pré-hospitalar, em que os médicos do Atendimento Móvel de Urgência devem classificar a situação de emergência como um caso clínico, traumático, obstétrico, pediátrico ou de saúde mental, até a remoção para uma unidade de pronto-atendimento.
Finalizando a mesa redonda sobre a organização do sistema de atendimento a traumatizados, o cirurgião Jorge Carlos Machado Curi, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou sobre os desafios no atendimento pré-hospitalar e destacou a importância do treinamento dos profissionais. Ele relatou casos em que atuou, como a explosão de um shopping em São Paulo, queda das aeronaves da TAM, enchentes entre outras situações em 35 anos de carreira.
O palestrante destacou a importância do planejamento e previsão do que pode acontecer. “Vivemos cenas imprevisíveis e como esses heróis vão se organizar para prestar o atendimento? Mesmo em situações previsíveis, como a visita do Papa, por exemplo, muitos fatos inesperados acontecem. Quanto mais estivermos preparados para atender essas imprevisibilidades, melhor para os pacientes, vítimas dessas situações”. Finalizando a apresentação, Jorge Machado Curi analisou os treinamentos atuais realizados para salvamento veicular, aquático, aéreo, em altura e de operações táticas.
Mesa-redonda destaca capacitação profissional e organização dos centros de trauma
A condução do paciente no ambiente hospitalar foi o foco de mesa-redonda realizada nesta sexta-feira (10) durante o VII Fórum de Cirurgia Geral do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. Com o tema central “O trauma em foco”, o debate foi presidido por Nailton Jorge Ferreira Lyra e teve como moderadora Jacqueline Jessica de Marchi, ambos membros da Câmara Técnica de Cirurgia Geral da entidade. O debate reuniu especialistas para discutir estratégias de organização dos serviços, avanços tecnológicos e desafios na formação profissional, com o objetivo de aprimorar a qualidade do atendimento aos pacientes vítimas de trauma.

Abrindo as apresentações, o cirurgião de trauma Rodrigo Caselli ressaltou a importância de se fortalecer os centros de trauma no país. Segundo o palestrante, o Brasil registra cerca de 400 mortes por trauma por dia e, apesar de existir legislação e financiamento para organizar a linha de cuidado, os resultados ainda são limitados. “O problema está dentro do hospital: não conseguimos mudar o destino final desses pacientes”, afirmou. Caselli destacou que hospitais com equipes especializadas apresentam menores taxas de mortalidade e tempo de internação, e defendeu a atuação de cirurgiões qualificados em todas as etapas do cuidado, com papel de liderança dentro dos serviços para garantir melhores resultados clínicos.

Em seguida, o professor Gustavo Pereira Fraga, chefe da disciplina de cirurgia do trauma da Unicamp, citou avanços tecnológicos que vêm impactando os serviços de saúde na atualidade, como a inteligência artificial aplicada a diagnósticos e tratamentos, cirurgia robótica, dispositivos vestíveis para monitoramento contínuo e impressão 3D para órgãos e tecidos. Ele alertou, no entanto, para a necessidade de contextualizar essas inovações com base científica e de investir na formação das novas gerações. “O que vai salvar mais vidas não é o robô, é a organização de um sistema de trauma eficiente, feito por pessoas capacitadas”, enfatizou.

Encerrando a mesa-redonda, Thadeu Silva de Moura, médico da Fundação Hospital Estadual do Acre, destacou os desafios da capacitação profissional para o atendimento ao trauma. Ele destacou que, com frequência, médicos jovens e com pouca experiência são os primeiros a atender pacientes traumatizados, o que evidencia a importância de se aprimorar a formação nesta área. O palestrante defendeu o fortalecimento da residência em cirurgia geral, com maior ênfase no trauma, além da criação de incentivos que estimulem a adesão à especialidade. Segundo destacou, atualmente o Brasil apresenta 591 médicos certificados na área, e apenas 13 das 69 vagas de residência estão ocupadas. “A graduação não é suficiente para preparar o médico para esse tipo de atendimento. Precisamos aprimorar currículos, ampliar campos de prática e valorizar a formação especializada”, concluiu.
Fonte: Portal CFM, em 13.10.2025.