CFM destaca papel do clínico na linha integral de cuidados durante IV Fórum Virtual de Clínica Médica

O Conselho Federal de Medicina (CFM) está realizando nesta terça-feira (4) o IV Fórum Virtual de Clínica Médica, que teve como tema central “Clínica Médica – Uma Especialidade Diferenciada”. O encontro, transmitido pelo canal do CFM no YouTube, reúne especialistas para debater o papel do clínico na coordenação do cuidado, o enfrentamento da complexidade dos casos, a comunicação empática e o uso de tecnologias emergentes na prática médica.
A mesa de abertura contou com a participação do presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, e do coordenador da Câmara Técnica de Clínica Médica, Carlos Magno Pretti Dalapicola. Em sua fala, Hiran destacou o compromisso da autarquia com a formação de qualidade e a defesa do Exame de Proficiência Médica. “O CFM considera fundamental investir na melhor formação dos médicos brasileiros. A abertura indiscriminada de escolas médicas é inaceitável”, afirmou, ressaltando que o exame deve ser conduzido pelo próprio Conselho, como forma de garantir o preparo adequado dos egressos.
Dalapicola, por sua vez, sublinhou a importância da especialidade na estruturação do sistema de saúde, classificando a clínica médica como a “espinha dorsal” da assistência no país. “O clínico é o profissional mais habilitado para coordenar o cuidado e garantir coerência terapêutica, evitando sobrecarga desnecessária às demais especialidades”, pontuou.
Complexidade e coordenação do cuidado – A primeira mesa-redonda do evento abordou a “Relevância da Clínica Médica na Linha Integral de Cuidados” e reuniu quatro apresentações que reforçaram a importância da visão abrangente, da liderança técnica e do humanismo como pilares da especialidade. Os palestrantes ressaltaram que, diante do envelhecimento populacional e da crescente complexidade dos casos, o clínico se consolida como o profissional capaz de integrar o cuidado e promover valor em saúde.
O médico Patrick Áureo Lacerda de Almeida Pinto, secretário executivo de saúde da Paraíba e membro da Câmara Técnica, tratou do “Cuidado a Pacientes Complexos”. Ele ressaltou que o clínico é o especialista preparado para lidar com o paciente contemporâneo – frequentemente portador de múltiplas comorbidades e sob diversos tratamentos simultâneos. “A fragmentação do sistema e a ausência de coordenação aumentam custos, erros e mortalidade. O clínico é o pilar fundamental para um futuro sustentável”, defendeu.
Na sequência, o clínico e membro da Câmara Técnica de Clínica Médica do CFM, Márcio Fernando Spagnól destacou a importância do “Envolvimento da Equipe Multiprofissional Liderada pelo Clínico”, enfatizando que o trabalho em equipe deve preservar a responsabilidade médica e a visão integrada do cuidado. “Não se trata de uma linha de montagem. O clínico é quem coordena o plano terapêutico, garantindo segurança e eficiência”, afirmou.
Já o professor Fernando Sabia Tallo, integrante da Comissão de Ensino Médico do CFM, abordou o tema “Integração entre Diagnóstico, Tratamento e Continuidade do Cuidado”, chamando atenção para a importância da experiência e da continuidade relacional entre médico e paciente. Segundo ele, a preservação desse vínculo reduz internações, custos e eventos adversos. “A inteligência artificial pode auxiliar, mas não substitui o raciocínio clínico nem o vínculo humano que caracteriza o cuidado”, observou.
Encerrando a mesa, o geriatra Douglas Henrique Crispim, membro da Câmara Técnica de Medicina Paliativa, apresentou por teleconferência a palestra “Comunicação em Situações Difíceis”. Ele defendeu o fortalecimento da empatia e da escuta ativa como diferenciais éticos e humanos da prática médica. “Num cenário de tecnologia e protocolos, o diferencial do médico será a boa comunicação e a capacidade de compreender o sofrimento do outro”, destacou.
CFM vai ao Senado fomentar discussão sobre a síndrome do nariz vazio


O Conselho Federal de Medicina (CFM) participou de audiência pública interativa da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal com o objetivo de debater sobre: “O Diagnóstico e o tratamento da síndrome do nariz vazio”. A reunião extraordinária, realizada nesta terça-feira (4), foi presidida pela senadora Mara Gabrilli (PSD/SP), autora do requerimento motivador da sessão.
“Essa audiência tem como propósito discutir o acesso ao diagnóstico, as opções de tratamentos e os direitos das pessoas que têm essa síndrome rara. Recebo no meu gabinete, com muita sensibilidade e preocupação, as pessoas que sofrem com essa síndrome, que é bastante debilitante, que envolve dificuldade extrema de respirar, dores, sensação de sufocamento, além de outros sintomas que trazem grande sofrimento mental e disfunção no sono”, disse Gabrilli.
“Por ser uma síndrome rara, ainda pouco debatida, não existe um consenso entre médicos especialistas, não tem um código relacionado na Classificação Internacional de Doenças (CID) descrevendo essa condição. Nosso objetivo aqui, hoje, é ajudar a ampliar esse debate, queremos colocar luz sobre essa síndrome, a gente quer buscar soluções e avanços para melhorar o sono e a qualidade de vida de muitas pessoas”, complementou a senadora.
O conselheiro federal José Eduardo Lutaif Dolci representou o CFM nesta audiência: “Podemos ajudar muito na divulgação desta síndrome. Me parece que, entre os próprios colegas, ela não é tão bem reconhecida. Imagine entre médicos de outras especialidades! Estou profundamente sensibilizado com os depoimentos apresentados aqui. O que podemos e devemos fazer é impulsionar para que essa síndrome seja mais conhecida. Queremos participar junto com vocês dessa luta”.

A senadora Damares Alves (Republicanos/DF) destacou a relevância do tema: “É impressionante como esse assunto chamou a atenção do Brasil. O assunto é necessário e importante nesta Comissão. E a interação das pessoas ao vivo nesta audiência mostra o interesse da sociedade. Este é o momento de agir e vamos dar andamento a esta pauta”.
Participaram, também, médicos especialistas, representante do Ministério da Saúde e pacientes com a síndrome. Nesse sentido, o CFM reitera seu compromisso na defesa de melhores práticas médicas e da segurança dos pacientes.
Fonte: Portal CFM, em 04.11.2025.