
No último sábado, 18 de outubro de 2025, a Sociedade Médico Cirúrgica do Pará (SMCP) promoveu uma noite inesquecível em homenagem ao Dia do Médico, reunindo profissionais, familiares, colaboradores e amigos em um evento repleto de emoção, reconhecimento e confraternização.
O salão da SMCP estava esplendidamente decorado, refletindo a importância da data e a solenidade do momento. A noite começou com um coquetel de boas-vindas, onde os convidados puderam rever colegas e compartilhar memórias da trajetória médica paraense.
O ponto alto da cerimônia foi, sem dúvida, a homenagem aos médicos laureados. Entre os homenageados, estiveram:
- Dra. Maria José Chanté Pandolfo, homenageado pelo CRM-PA, anestesiologista com mais de quatro décadas de atuação, reconhecida pelo cuidado humanizado e pela excelência em anestesia obstétrica.
- Dr. Arival Cardoso de Brito, também pelo CRM-PA, dermatologista e dermatopatologista, referência em pesquisa e ensino, cuja trajetória científica e didática marcou gerações.
- Dra. Ana Maria Almeida Souza, indicação do Sindmepa, especialista em hematologia e hemoterapia, professora dedicada e referência na formação de novos médicos e no cuidado com doenças do sangue.
- Dr. Salomão Kahwage, o homenageado da SMCP, clínico com quase 50 anos de atuação, mais de 50 mil atendimentos realizados, e professor que inspira novas gerações com ética, sensibilidade e precisão diagnóstica.
Cada homenagem foi acompanhada por vídeos, projeção de fotos e discursos e entrega de diplomas, gerando momentos de grande emoção. Familiares e amigos aplaudiram de pé, e lágrimas de orgulho e gratidão foram compartilhadas por todos.
A noite também celebrou o jubileu dos formados, com destaque para o Dr. José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo, cuja trajetória de dedicação à medicina paraense emocionou os presentes. Houve ainda uma homenagem póstuma aos médicos que nos deixaram neste ano, com um momento de silêncio em memória daqueles que dedicaram suas vidas ao cuidado do próximo.
Outro destaque foi a apresentação do restauro do patrimônio sede da SMCP, mostrando o trabalho de preservação histórica aliado à modernização, o lançamento do I congresso Paraense de Saúde Preventiva, além da divulgação de novos benefícios aos associados, reforçando o compromisso da Sociedade com seus membros.





Após a cerimônia oficial, a noite se transformou em um momento de confraternização e celebração. Um jantar maravilhoso encantou todos os presentes, seguido de um baile dançante que agitou médicos, familiares e convidados, encerrando a noite com alegria, risos e muita música.
A festa de 18 de outubro de 2025 ficará marcada na memória de todos: uma noite de reconhecimento, emoção e celebração da medicina paraense, reafirmando o compromisso de cuidar da vida e fortalecer a união da classe médica.
Uma homenagem à dedicação, à ética e ao coração de todos os médicos que fazem da medicina uma verdadeira missão de vida.
Exame de sangue testado no Brasil detecta Alzheimer com mais de 90% de precisão e pode reduzir custo do diagnóstico em até 10 vezes
Um exame de sangue desenvolvido pela empresa norte-americana Quanterix e testado em pacientes brasileiros mostrou alta capacidade de identificar alterações cerebrais associadas ao Alzheimer, com mais de 90% de precisão.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e apoiado pelo Instituto Serrapilheira. Os resultados representam um passo importante na validação de ferramentas que possam auxiliar o diagnóstico clínico da doença, dentro do que especialistas chamam de diagnóstico assistido por biomarcadores – quando exames laboratoriais são usados como complemento à avaliação médica.
“Atualmente, o diagnóstico do Alzheimer é feito, na maior parte das vezes, com base em avaliação clínica”, explica o neurocientista Eduardo Zimmer, professor da UFRGS e líder do ZimmerLab.
“Em alguns casos, são utilizados exames complementares – como o PET-CT ou a análise de líquor –, mas eles são caros e pouco acessíveis. O exame de sangue pode se tornar uma ferramenta de apoio, tornando esse diagnóstico mais preciso e democrático.”
O que o estudo mostrou
A pesquisa avaliou 59 pacientes atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comparando os resultados do exame de sangue com o chamado “padrão ouro”, o exame de líquor.
Os testes indicaram que a proteína p-tau217, medida no plasma, foi capaz de distinguir indivíduos com e sem Alzheimer com acurácia entre 94% e 96% – desempenho equivalente ao dos exames invasivos e muito mais caros.
“O exame acerta praticamente todas as vezes se o indivíduo tem Alzheimer ou não”, diz Zimmer. “Ele pode facilitar o diagnóstico assistido por biomarcadores, especialmente em locais onde o acesso a exames de imagem é limitado.”
Publicado na revista Molecular Psychiatry, o estudo se destaca também por incluir pacientes brasileiros de baixa escolaridade, um grupo frequentemente negligenciado em pesquisas internacionais.
“Testamos a ferramenta em uma população diversa, e ela funcionou muito bem”, resume Zimmer.
Diferença em relação aos exames atuais
O diagnóstico clínico do Alzheimer é feito principalmente com base em sintomas, histórico médico e testes cognitivos.
Em alguns casos, médicos solicitam exames que detectam as proteínas envolvidas na doença – como a beta-amiloide e a tau –, mas esses métodos ainda são restritos a grandes centros e têm custo elevado.
- O PET-CT cerebral, por exemplo, pode chegar a R$ 10 mil, enquanto o exame de líquor exige punção lombar e equipe especializada. Nenhum dos dois está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
- O exame de sangue, por outro lado, usa apenas uma amostra simples de plasma e equipamentos ultra-sensíveis, capazes de detectar quantidades mínimas da proteína tau. O custo estimado é cerca de dez vezes menor do que o dos exames de imagem.
“O método não substitui a avaliação clínica, mas pode funcionar como uma ferramenta complementar – acessível e precisa – para apoiar o diagnóstico”, afirma Zimmer.
Próximas fases da pesquisa
O grupo da UFRGS lidera agora a Iniciativa Brasileira de Biomarcadores para Doenças Neurodegenerativas (IB-BioNeuro), que pretende testar a tecnologia em larga escala no país.
O projeto vai avaliar 3 mil voluntários em dez cidades do Rio Grande do Sul, com investimento de cerca de R$ 20 milhões, financiado por diferentes órgãos públicos: a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – empresa pública que apoia pesquisa e inovação – e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fundo federal de fomento à ciência.
A previsão é que o estudo dure 24 meses. Só depois será possível avaliar se o exame mantém o mesmo desempenho em larga escala e se poderá, futuramente, ser encaminhado para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nosso objetivo agora é validar a tecnologia no contexto brasileiro”, diz Zimmer. “Se ela mantiver o desempenho, o país pode se tornar referência mundial em diagnóstico acessível para doenças neurodegenerativas.”
Educação também protege o cérebro
Um segundo estudo coordenado por Zimmer, publicado em fevereiro de 2025 na revista The Lancet Global Health, reforça que educação e saúde mental são fatores biológicos decisivos para a proteção do cérebro.
A pesquisa avaliou 41 mil pessoas de cinco países latino-americanos e concluiu que fatores sociais e de estilo de vida pesam mais para o envelhecimento cerebral do que idade ou sexo.
No Brasil, a falta de acesso à educação formal apareceu como o principal fator de risco para o declínio cognitivo. Quanto menor o tempo de escolaridade, mais rápido o cérebro perde conexões e funções ligadas à memória e à atenção.
“Aprender é como treinar o cérebro”, explica Zimmer. “Quanto mais conexões o cérebro cria ao longo da vida, mais resistente ele se torna às doenças neurodegenerativas.”
O estudo também destacou o impacto da saúde mental e do sedentarismo. Indivíduos com depressão, isolamento social ou baixa atividade física tendem a apresentar envelhecimento cerebral mais precoce, o que reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e à equidade educacional.
O que pode mudar no futuro
Se confirmada em larga escala, a utilização de biomarcadores sanguíneos poderá:
- Apoiar o diagnóstico precoce com um exame simples de sangue.
- Facilitar o acompanhamento clínico e o controle de fatores de risco, como hipertensão e diabetes.
- Ampliar o acesso a tecnologias de ponta em países de renda média, como o Brasil.
“Estamos dando os primeiros passos de uma transformação profunda”, conclui Zimmer. “Um exame de sangue que revele a saúde do cérebro pode mudar não só a medicina, mas também a forma como envelhecemos.”
Fonte: AMB, em 22.10.2025.