
Na última sexta-feira (10), o secretário-geral da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. Florisval Meinão participou, em Campinas (SP), da cerimônia de acolhimento de 322 novos médicos especialistas, selecionados via edital, e que atuarão em 156 municípios das cinco regiões do Brasil, no âmbito do programa Agora Tem Especialistas.
O encontro, que teve o objetivo de integrar os novos profissionais às instituições formadoras, foi conduzido pelo secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Felipe Proenço.
Para o Dr. Florisval, o país necessita de mais médicos especialistas porque uma boa parcela dos médicos que se formam não tem acesso à residência. “Existe hoje uma falta de médicos especialistas no Brasil. Não há uma quantidade suficiente para suprir a demanda que nós temos com um atendimento de qualidade direcionado ao povo brasileiro”, explicou ele.

O gestor ainda falou sobre o apoio da AMB em relação à ação de criar novas vagas para médicos especialistas para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há um gargalo entre a atenção básica e a atenção especializada, mas destacou que o processo de formação de médicos especialistas sempre deve passar pela exigência da residência médica. “Precisamos seguir esse rito da titulação e do RQE, para que possamos formar médicos especialistas capacitados, com o intuito de realizar atendimento adequado à população”, finalizou.

Assessoria de Comunicação da AMB
*Com informações e fotos do Ministério da Saúde
MEC suspende por 120 dias edital para criação de novos cursos de Medicina
O Ministério da Educação (MEC) suspendeu por 120 dias os prazos do edital para criação de novos cursos de Medicina por instituições privadas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na ultima sexta-feira (10). O edital lançado pelo MEC serve para nortear a abertura de vagas médicas no País. A partir do chamamento, as universidades fazem suas propostas e a pasta autoriza ou não a abertura de acordo com os critérios do programa Mais Médicos, que prevê aumentar o número de profissionais e de vagas de graduação no interior do País.
Segundo informações do jornal Estado de S.Paulo, o MEC decidiu suspender o edital para reorganizar o plano de expansão de cursos na área após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o andamento de processos que haviam sido suspensos na fase inicial e gerou a criação de 4,4 mil vagas.
Esse crescimento desordenado de escolas reforça a posição da Associação Médica Brasileira (AMB), sobre a importância da qualidade no ensino da Medicina. “É um crescimento irracional, absurdo e inaceitável, que ocorre de maneira desordenada, com condições precárias de formação. Não há campo de ensino prático adequado”, afirma o Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira). Ele diz que o aumento de escolas privadas sem condições mínimas tem levado à formação de médicos de segunda categoria que hoje estariam alocados na atenção básica de saúde e nos pronto atendimentos. Estabelecimentos privados de ensino superior que oferecem cursos de medicina refutam essas críticas.
Tanto a AMB quanto o CFM (Conselho Federal de Medicina) defendem que médicos recém-formados devam ser aprovados em exame de proficiência antes de começar a atender. Pesquisa Datafolha mostra que 96% dos brasileiros apoiam a medida. Um projeto de lei para criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina está em tramitação no Senado desde 2024.
Dr. César Eduardo Fernandes reforça protagonismo da AMB na 76ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial

(Da esq. para dir.): Ex-presidente da WMA e delegado do Brasil, Dr. José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da APM, Dr. Antonio José Gonçalves, diretor de Relações Internacionais da AMB, Dr. Carlos Serrano.
Entre os dias 8 e 11 de outubro, a cidade do Porto, em Portugal, foi palco da 76ª Assembleia Geral da World Medical Association (WMA). Organizado pela Associação Médica Portuguesa, o evento reuniu médicos e lideranças da saúde de diversos países para discutir os desafios contemporâneos da profissão, incluindo o impacto da inteligência artificial, políticas públicas de saúde e questões éticas.
A Associação Médica Brasileira (AMB) foi representada pelo seu presidente, Dr. César Eduardo Fernandes, reforçando o protagonismo da entidade, pelo Dr. Carlos Serrano,diretor de Relações Internacionais, bem como o Dr. Antonio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM).
As atividades ocorreram no Pestana Douro Riverside Hotel e tiveram início na quarta-feira (8), com reuniões internas das comissões do Conselho da WMA e uma recepção oficial promovida pela Câmara Municipal do Porto. O ex-presidente da (WMA) e delegado do Brasil, Dr. José Luiz Gomes do Amaral representou a AMB, nesta abertura.
O presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, destacou a importância em especial desta edição. “Essa 76ª Assembleia da WMA é um espaço essencial para o fortalecimento da medicina global, pois promove o diálogo ético, científico e humano entre as nações. Esta edição, em especial, reafirma o compromisso da classe médica com a construção de políticas de saúde mais justas, inclusivas e sustentáveis para todos os povos e vai ao encontro com a missão da AMB”, afirmou Fernandes.
Na quinta-feira (9) foram realizadas diversas discussões técnicas que começaram com uma sessão científica totalmente dedicada ao tema que atualmente domina todas as conversas: “O Impacto da Inteligência Artificial na Prática Médica”, com seus desafios éticos e implicações legais no dia a dia clínico e os ajustes necessários em termos de sistemas de saúde.
Para o presidente da entidade brasileira a tecnologia deve ser uma ponte, nunca uma barreira. A AMB defende que os sistemas de saúde incorporem a IA com responsabilidade e que se garantam condições justas para todos os médicos, especialmente em países em desenvolvimento”, enfatizou.
E completou:. “A inteligência artificial está mudando a forma como cuidamos das pessoas, mas não podemos permitir que a tecnologia avance sem que os princípios éticos avancem junto. É por isso que encontros como este são tão relevantes“.

Dra. Jacqueline Kitulu assumiu a presidência da WMA para o mandato 2025-2026
Já na sexta-feira (10), a programação ganhou tom cerimonial com a posse da nova liderança da WMA. A médica queniana Dra. Jacqueline Kitulu assumiu a presidência para o mandato 2025-2026, tornando-se uma figura emblemática pela sua trajetória. Primeira mulher a presidir a Associação Médica do Quênia em seus 50 anos de história, Kitulu tem atuação destacada em instituições como o Hospital Kampala, NHIF e o painel de saúde da Safaricom. Em seu discurso de posse, comprometeu-se a fortalecer a cooperação global, reduzir disparidades no acesso à saúde e investir na formação de novas gerações de médicos. Na parte da tarde, os participantes tiveram espaço para atividades sociais e networking, encerrando o dia com um jantar oficial.
O sábado (11) foi reservado para os debates e votações da Assembleia Geral e reunião do Conselho. A pauta foi extensa e abordou temas como esgotamento profissional, saúde digital, acesso universal aos cuidados e revisão das diretrizes éticas da profissão médica diante das rápidas transformações globais.
Além de participar dos debates e votações da Assembleia Geral, Dr. César também reforçou a atuação histórica da AMB nas discussões internacionais promovidas pela WMA: “O Brasil tem voz ativa no cenário médico global. A AMB atua não apenas em defesa dos médicos brasileiros, mas como parceira no fortalecimento da medicina baseada na ciência, na ética e no compromisso com a dignidade humana“, reforçou ele.
Presença de médicos jovens
Durante a assembleia da WMA também foi promovido o Junior Doctors Network, encontro com grupo de jovens médicos da Europa, da América Latina (CONFEMEL), além da Sociedade Mundial de Medicina de Família e Comunidade (Wonca).
A AMB esteve representada pelo Dr. Andrey Cruz, que é membro da Comissão Nacional de Médico Jovem da associação (CNMJ). Ele teve vários encontros, um deles com a Dra. Julie Baé (da França), diretora eleita para o Comitê de Membros Associados da WMA e membro do Junior Doctors Network.
Segundo Andrey, durante o encontro foram apresentados resultados dos diversos grupos de trabalho da WMA, além da aprovação de planejamentos e declarações de políticas e encaminhamentos para o início do mandato da nova presidente (Dra. Jacqueline Kitulu) para o próximo ano.
“Estar no Junior Doctors Network reforçou em mim a certeza de que os jovens médicos têm um papel fundamental na transformação da medicina global. Compartilhar ideias com colegas de diferentes culturas e mostrou que, apesar das distâncias, temos um compromisso comum: cuidar das pessoas e construir um futuro mais humano para a saúde”, afirmou ele.
WMA: uma entidade global pela ética e excelência médica
Fundada em 1947, a Associação Médica Mundial é uma confederação independente que representa médicos de todo o mundo. Seu objetivo é promover os mais altos padrões internacionais em educação, ciência e ética médica, com foco no bem-estar da humanidade.
Participação ativa da AMB nas assembleias da WMA
A Associação Médica Brasileira (AMB) mantém presença constante nas reuniões da WMA. Em 2018, durante a assembleia realizada em Reykjavik, na Islândia, o psiquiatra Dr. Miguel Roberto Jorge, então 1º Tesoureiro da AMB, foi eleito presidente da WMA para o biênio 2019-2020. Ele atuou por três anos no ciclo presidencial: como presidente eleito, presidente em exercício e ex-presidente imediato.
Em abril de 2022, uma delegação da AMB participou da Reunião do Conselho da WMA, em Paris — a primeira reunião presencial desde o início da pandemia. O evento híbrido reuniu mais de 220 participantes, entre eles o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, e os ex-presidentes da WMA, Drs. José Luiz Gomes do Amaral e Miguel Jorge. Entre os principais temas debatidos, destacam-se a aprovação de uma resolução em apoio aos profissionais de saúde e à população da Ucrânia, diante da invasão russa.
Em outubro de 2023, a AMB marcou presença na assembleia realizada em Kigali, Ruanda, representada por seu diretor de Relações Internacionais, Dr. Carlos Vicente Serrano Júnior. Na ocasião, foram discutidos temas como a condenação de ataques a médicos no Nepal, a posição da WMA sobre armas biológicas e a igualdade de gênero na saúde.
Já em 2024, novamente o diretor Serrano participou da assembleia em Helsinque, Finlândia. Ele integrou uma mesa de debate com o tema “Desigualdades na saúde e nos cuidados de saúde – Como enfrentá-las?”, que teve como principal palestrante Sir Michael Marmot, referência mundial em desigualdades em saúde. Em sua fala, o diretor da AMB abordou o papel da prevenção e da atenção primária na promoção da equidade.

(Da esq. para dir): Dr. Andrey Cruz, membro da CNMJ da AMB, Dr. Carlos Serrano, diretor de Relações Internacionais da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, Dra. Julie Bacqué (França), diretora eleita para o Comitê de Membros Associados da WMA, membro do Junior Doctors Network, Dr. Antonio José Gonçalves, presidente da APM, Dr. José Luiz Gomes do Amaral, ex-presidente da WMA.
Protestos durante a assembleia
Durante a 76ª Assembleia Geral no Porto, um grupo de médicos portugueses e ativistas promoveu uma vigília de protesto contra a participação da Associação Médica Israelita (IMA). O ato, realizado em solidariedade a mais de 200 profissionais de saúde palestinos, contou com o apoio de entidades como Humans Before Borders, Estudantes do Porto em Defesa da Palestina e Parents for Peace Portugal.
Os manifestantes acusaram a IMA de cumplicidade com ações do governo de Israel contra civis e profissionais de saúde palestinos. As denúncias, também levantadas por organizações como Human Rights Watch, Médicos Sem Fronteiras, Amnistia Internacional e a ONU, apontam ataques deliberados a estruturas hospitalares, além do sequestro e assassinato de médicos em zonas de conflito.
Assista aqui ao vídeo convite da 76ª Assembleia Geral da World Medical Association no Porto.
Fonte: AMB, em 13.10.2025.