Por Jorge Wahl
“Está mais do que na hora de se produzir políticas públicas que melhor preparem o País para o aumento de longevidade, seja por uma questão de justiça para com as pessoas que estão envelhecendo, seja para poder melhor explorar o potencial econômico desse público ou mesmo pelo simples desejo de melhor atender aos interesses do País”, disse ontem Renato Meirelles, CEO do Data Popular, um dos expositores no evento que marcou nesta terça-feira o nascimento do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon. É a primeira instituição do gênero no Brasil, algo definido como “sonho que se transforma em realidade”, nas palavras de seu inspirador, Nilton Molina (foto), presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon Seguros e Previdência S/A e do Conselho Deliberativo do Mongeral Aegon Fundo de Pensão Multipatrocinado, além de membro titular do Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC.
Meirelles, da Data Popular, mostrou o peso que essa população com mais de 50 anos começa a ter na economia brasileira, fruto de um rápido processo de transformação demográfica que só se acelera. Já são mais de 47 milhões de brasileiros e no ano 2045, isto é, daqui a 30 anos, serão segundo as projeções perto de 96 milhões, o que significará o dobro do que temos hoje. “Os números atuais já representam o mesmo que a população espanhola e duas vezes a australiana”, comparou Meirelles.
Acima da renda média nacional - Ele notou que essa população acima de 50 anos tem uma renda 40% superior à média nacional, o que deveria ser suficiente para despertar nos empresários o desejo de melhor explorar o consumo potencialmente alto dessa parcela da população.
O número de brasileiros com mais de 50 anos mais que dobrou, nos últimos 5 anos, o seu acesso à internet, sublinhou Meirelles, fornecendo durante o evento vários outros números que acentuam o crescimento da importância econômica dessa parcela da população.
“Hoje, o Brasil ocupa a 56ª posição em qualidade de vida para as pessoas com mais de 60 anos no ranking internacional. Vamos ajudar a colocar o país entre os 20 primeiros”, resume Molina, ressaltando aquela que já é uma das missões do Instituto criado nesta terça-feira (12).
A primeira frente de trabalho do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon é o lançamento do “Movimento Real.Idade”, que busca reunir apoiadores em todos os segmentos da sociedade em torno do tema e incentivar a requalificação e reinserção. O portal do “Movimento Real.Idade” (www.movimentorealidade.org), disponibilizará gratuitamente serviços e ferramentas úteis como cursos de requalificação profissional, auxilio na reinserção ao mercado de trabalho, auxílio tecnológico, orientação financeira, programa de desconto em medicamentos, entre outros benefícios.
O Instituto encabeça também a proposta de Projeto de Lei que cria o Regime Especial de Trabalho do Aposentado (RETA), que prevê relações trabalhistas mais flexíveis e incentivos para empresas que contratarem profissionais aposentados e com mais de 60 anos, ideia que está em linha com o Estatuto do Idoso. A redação do projeto coube aos professores Hélio Zylberstajn, da FEA, e Nelson Mannrich, da Faculdade de Direito da USP.
O Instituto está à frente de outras iniciativas, como a criação do “Índice Real.Idade”, que será produzido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), para mapear as cidades mais amigáveis à população idosa.
Composto por cerca de 80 indicadores, o índice vai analisar as 350 cidades mais populosas do Brasil. A partir dele, será instituído o “Prêmio Real.Idade”, que vai reconhecer as seis cidades mais amigáveis de acordo com o índice e convidá-las a implementar projetos de sucesso de metrópoles estrangeiras, na preparação da população para a longevidade.
Roda de debates - O evento teve ainda uma roda de debates, em que informalmente Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, Sérgio Valente, presidente de Comunicação da Globo, Hélio Zyberstajn, professor da FEA-USP, Wesley Mendes, professor da FGV-EAESP, e Bradley Schurman, Senior Advisor da AARP - American Association of Retired Persons, discutiram e ofereceram ideias em torno do desejo comum de um mercado de trabalho mais aberto para os brasileiros com mais de 50 anos.
Na troca de ideias foram pontos defendidos um mercado de trabalho mais flexível, a reforma da CLT, encontrar-se formas de o mercado acolher legalmente o idoso, a contratação sem olhar a idade (“age less”) e a visão da banalização da tecnologia como criadora de novas oportunidades para os mais maduros.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 13.04.2016.