Como possibilidade de enfrentamento do cenário adverso, saída pode ser mais incentivo à iniciativa privada

Da esquerda para a direita, os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg, Cristiana Lôbo e Merval Pereira
"Pior não fica". Essa foi a conclusão do debate "Brasil Atualidades", realizado na 7ª Conseguro, com a participação de três renomados jornalistas: Merval Pereira, Cristiana Lôbo e Carlos Alberto Sardenberg. O cenário a que se referem leva em conta inflação subindo, juros elevados e recessão econômica. “Esse é o pior cenário que pode existir para um país”, comenta Sandenberg. Cristiana Lôbo então lhe pergunta: "É possível consertar o Brasil?"
Os três jornalistas concordam que sim. “Tenho viajado muito por esse Brasil afora e vejo uma riqueza de inovação e vontade dos empresários em investir e elevar a competitividade do País. Se o governo não atrapalhar, tudo anda”, disse Sandenberg. Merval acrescentou: “Outro dia, um empresário me disse: Ou o governo faz porto ou deixa a gente fazer. Isso mostra que temos um setor privado que reage e é triste ver quantas iniciativas são deixadas para trás porque o setor público atrapalha”.
Segundo os jornalistas, uma saída mais liberal seria eficiente para ajudar a economia brasileira, hoje em recessão, voltar a crescer. “É preciso que todos se conscientizem que o dinheiro público é do contribuinte. E o governo tem de prestar contas do que faz com ele”, reforça Cristiana Lôbo.
A reforma política também foi uma saída viável para a crise, porém, sem grande esperanças de que ela aconteça no curto ou médio prazo. “Uma forma que proíba coligações ou que se estabeleça cláusulas de barreira, eliminaria 20 partidos dos mais de 30 que temos. Com 10 partidos, se consegue fazer um governo capaz de fechar acordos políticos mais sensatos”, comenta Merval.
Questionados sobre o futuro do Brasil no curto prazo, os jornalistas mencionaram a possibilidade de impeachment caso o Tribunal de Contas da União reprove as contas do governo Dilma. Também citaram a hipótese de Dilma Rousseff renunciar diante da impossibilidade política de governar, com Michel Temer assumindo e fazendo um governo de coalizão pelos próximos dois anos e meio, como fez Itamar Franco no período pós impeachment de Fernando Collor de Melo.
No entanto, uma das hipóteses que soou mais unânime entre eles foi de o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy não ser aprovado, acarretando sua substituição pelo secretario Nelson Barbosa, num retorno à política do governo de estimular o crescimento via estímulo ao crédito, por meio do endividamento público. “O que seria um grande estrago para o país, com inflação passando a barreira dos 10% e voltando a indexação”, citou a jornalista.
Para finalizar, o investimento em educação, com uma política realmente séria, e reformas do estado, como a da previdência, seriam as ações mais sustentáveis para alimentar o gigante novamente adormecido chamado Brasil.
Fonte: CNseg, em 16.09.2015.