Por Márcia Alves
No atual cenário econômico, com o desemprego em alta (7%), inflação elevada (7,6%) e queda no setor de serviços (3,6%) e na produção industrial (8,3%), pode parecer incoerente, para muitos profissionais, pensar em investir na carreira. Mas, diversos especialistas concordam que este é, justamente, o melhor momento para se investir em aprendizado. “Não há dúvida de que, dentro das empresas, governos e outras instituições, é o talento das pessoas que fará com que a crise seja deixada para trás. O momento, portanto, é de buscar preparo e formação para se destacar”, diz o headhunter Alfredo Assumpção, presidente do conselho da Fesa, empresa de recrutamento de executivos.
No âmbito do setor de seguros, as empresas têm demonstrado entender a necessidade de preparar seus profissionais. Em 2014, por exemplo, 94% dos funcionários de seguradoras frequentaram cursos internos e 6% externos, de acordo com os dados do mais recente Relatório de Responsabilidade Social e de Sustentabilidade, produzido pela CNseg. A publicação registra que naquele ano mais de 125 mil profissionais realizaram cursos (considerando que uma mesma pessoa frequentou mais de um curso).
Na visão do presidente do CVG-SP, Dilmo Bantim Moreira, o aprendizado deve ser permanente e contínuo, ainda mais em cenário de crise. “Neste momento, é importante que os profissionais estejam preparadíssimos para executar suas atividades. Quanto mais souberem e mais habilidades desenvolverem, tanto melhor, porque além de manterem seus empregos, quando a crise passar, eles crescerão dentro da empresa”, diz. Concorda com ele o diretor de Seguros do CVG-SP, Marcelo de Figueiredo. “O cenário econômico obrigará seguradoras a buscarem, mais e mais, profissionais mais bem capacitados, com habilidades e competências técnicas”, diz.
Aprendizado e oportunidades
Para Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP, O mercado de trabalho sempre faz uma seleção natural dos melhores e mais capacitados profissionais. “Com a concorrência, é preciso investir em qualificação e parcerias para se manter ativo”, diz. Em sua visão, o aprendizado pode ser muito mais que um caminho para superar a crise econômica. Pode ser também um meio para os corretores de seguros diversificarem suas carteiras, aprendendo a trabalhar com outros produtos e, assim, expandindo seus horizontes. Nesse sentido, a informação é, a seu ver, o principal instrumento para os corretores se desenvolverem durante a crise.
“O crescimento do mercado de seguros não é obra do acaso, é resultado do aprendizado e trabalho dos corretores de seguros em conjunto com o restante da cadeia produtiva do setor, como os seguradores e prestadores de serviços. Para que novos produtos alcancem o desenvolvimento que hoje apresenta o seguro de automóvel, por exemplo, é preciso capacitação do corretor de seguros”, afirma. Apesar da crise, o presidente do Sincor-SP enxerga muitas oportunidades aos corretores, a começar pelo seguro automóvel. “Apenas 30% da frota é segurada, sendo 80% dos carros com menos de cinco anos de uso”, diz.
A regulamentação do seguro de auto popular é outra grande aposta de Camillo, que vê a possibilidade de os corretores dobrarem suas carteiras. Também o seguro residencial, que garante, atualmente, apenas 13% de um total de 68 milhões de residências, é outra oportunidade, bem como o seguro saúde. “O corretor de seguros deve aproveitar oportunidades em outros ramos partindo da própria base de clientes, fazendo um cross-selling e buscando atender o cliente em sua plenitude”, avalia.
Calisto Cardoso de Brito, presidente do Sindicato dos Securitários de São Paulo, entidade que é parceira do CVG-SP na área de cursos, considera a própria crise um aprendizado. “É exatamente nesses momentos que as pessoas buscam capacitação e treinamento para o seu desenvolvimento pessoal e profissional”, diz. Em sua avaliação, o investimento em aprendizado e, consequentemente, em qualificação, auxilia os trabalhadores a estarem atentos às novas demandas, aguçando o olhar na identificação de novas oportunidades. “A crise é efêmera, o conhecimento jamais”, acrescenta.
Oferta de aprendizagem
Entre as entidades do setor que se dedicam à formação profissional, o CVG-SP mantém uma tradição de 34 anos. Com uma grade de 25 cursos na área de benefícios, já formou mais de 8 mil alunos, dos quais cerca de 2 mil nas gestões de Dilmo B. Moreira. Para ele, a atual situação do mercado gera a necessidade de melhoria, de profissionalismo extremado, que pode ser potencializado por meio de cursos técnicos. “O profissional percebe o aproveitamento imediato do conhecimento que adquiriu e o empregador, notando a diferença em sua performance, passa a valorizá-lo mais”, diz.
A recolocação profissional para o crescente número de desempregados é uma das preocupações do presidente do Sindicato dos Securitários de São Paulo. “As pessoas saem do setor despreparadas para serem reinseridas e ocupar novas funções no mercado de trabalho”, diz. Segundo ele, atento a essa situação, o sindicato mantém o seu Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Profissional, que oferece mais de 30 cursos de capacitação na área de seguros, a preços reduzidos. “O conhecimento proporciona ao trabalhador mecanismos para adaptar-se e reinventar-se frente às investidas das adversidades, tornando-o mais criativo para descobrir novos caminhos em meio à crise”, afirma Calisto.
Já o Sincor-SP mantém a Unisincor, universidade corporativa que criou, em parceria com Sebrae, os cursos EAD (ensino a distância), pelos quais já passaram mais de 3 mil pessoas, apenas em 2015. “É notável a grande procura pelos cursos da Unisincor nas regionais do sindicato, com salas cheias e alunos interessados, docentes bem preparados e, sobretudo, novas abordagens em linha com as demandas atuais”, diz Camillo. Ele faz questão de registrar que, ao lado do Sincor-SP, também oferecem qualificação para o corretor a Escola Nacional de Seguros e o CVG-SP. “Caso o corretor de seguros decida conhecer novos ramos, as seguradoras também oferecem sobre seus produtos. Ou seja, o primeiro passo para a aprendizagem é, na verdade, querer aprender”, afirma.
Fonte: CVG-SP, em 22.02.2016.