Com a economia brasileira em um momento difícil e a cena econômica internacional ainda sem encontrar uma saída consistente para a crise de 2008, é quase inevitável que os investidores encontrem crescentes obstáculos para alcançar altos rendimentos. É particularmente nessas horas que os melhores administradores de ativos, aqueles com estratégias vencedoras e todo o resto, a começar por uma atenta visão dos riscos, se distinguem dos demais. Como os gestores dos fundos de pensão brasileiros, que nos últimos sete anos conseguiram o quinto melhor retorno para as suas alocações, entre 21 países pesquisados em um estudo do Núcleo Técnico da Abrapp, realizado a partir de dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e próprios.
Na 5ª posição (conforme tabela abaixo), os fundos de pensão brasileiros conseguiram acumular nesse período de 7 anos uma rentabilidade real de 28,56%.
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País
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Acumulado
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Anualizado
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Posição
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Colombia
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80,23%
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8,78%
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1
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Netherlands
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64,96%
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7,41%
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2
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Romania
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47,91%
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5,75%
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3
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Albania
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35,56%
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4,44%
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4
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Brazil
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28,56%
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3,65%
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5
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Mexico
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26,68%
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3,44%
|
6
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Canada
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24,64%
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3,20%
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7
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Norway
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20,57%
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2,71%
|
8
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Hungary
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18,46%
|
2,45%
|
9
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Finland
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17,75%
|
2,36%
|
10
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Pakistan
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17,72%
|
2,36%
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11
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Thailand
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15,88%
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2,13%
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12
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Italy
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13,25%
|
1,79%
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13
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Spain
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10,15%
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1,39%
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14
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Austria
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6,98%
|
0,97%
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15
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Portugal
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3,17%
|
0,45%
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16
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Czech Republic
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-0,50%
|
-0,07%
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17
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Bulgaria
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-3,04%
|
-0,44%
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18
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Slovak Republic
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-4,53%
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-0,66%
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19
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Australia
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-13,73%
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-2,09%
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20
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Hong Kong, China
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-19,65%
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-3,08%
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21
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O Núcleo Técnico da Abrapp chegou a esses números, quanto à rentabilidade, extraindo os dados divulgados pela OCDE desde 2008 e, em seguida, acumulando e calculando o retorno anualizado dos últimos sete anos. Para o cálculo do retorno real no Brasil foi utilizado o mesmo método da OCDE, subtraindo a rentabilidade nominal pela inflação no mesmo período, medida pelo INPC.
Peso no PIB - O Núcleo Técnico, contudo, chegou a conclusões diferentes das obtidas pela OCDE ao analisar o comportamento dos ativos dos fundos de pensão brasileiros em proporção ao PIB do Brasil. Enquanto a organização internacional concluiu ter havido em 2014 uma queda de 1,3 ponto percentual no peso dos fundos sobre o PIB, a Abrapp diz ter acontecido um declínio de no máximo 0,3%.
O estudo do Núcleo Técnico foi motivado pelo fato de a pesquisa da OCDE ter originado notícia na mídia brasileira, uma vez que nela os fundos de pensão brasileiros aparecem como tendo registrado um resultado inferior a outros.
É verdade, no entanto, que a própria OCDE alerta para o fato de que os resultados da pesquisa são preliminares. Os dados consolidados deverão ser divulgados no relatório “Pension Markets in Focus”, que normalmente é publicado em setembro.
Vale explicar que metodologia do PIB brasileiro foi alterada, ensejando eventuais equivocos quando não observada essa alteração.
Na tabela abaixo é feita uma comparação entre o percentual antigo e novo, na relação entre os ativos das EFPCs versus PIB. É importante notar que a matéria do jornal menciona queda de 1,3% pontos percentuais, mas se for considerado o valor da nova série do PIB, se chegará a uma redução de apenas 0,3% pontos percentuais (12,7%-13%). Aos pesquisadores do Núcleo Técnico parece que foram confundidos dados da séria antiga com a nova (12,7%-13,8% = -1,1%).

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 25.05.2015.