Por Jorge Wahl
Os fundos de pensão têm missões a cumprir em duas esferas, a social e a econômica e, para sairem-se bem de ambas, precisam mostrar-se perenes ao longo de muito tempo, um horizonte temporal que se conta em décadas. Em resumo, utilizando um termo que traduz um conceito cada vez melhor entendido pela sociedade, necessitam ser sustentáveis, para não se arriscar a nadar por um longo período para depois morrer na praia. É a essa ideia tão atual que o sistema fechado de previdência complementar estará associando sua imagem e suas práticas em um evento que irá acontecer daqui a alguns dias e, junto dele, a entrega de um prêmio que reforça a visão das EFPCs como entidades sustentáveis não só por necessidade mas por natureza mesmo.
O evento é a a sexta edição do seminário A Sustentabilidade e o Papel dos Fundos de Pensão no Brasil, que vai acontecer no próximo dia 3, no Rio de Janeiro, e que ainda está recebendo inscrições através do link por meio do qual se tem acesso também à programação: http://sistemas.abrapp.org.br/educaprev/eventos/sustentabilidade.htm As associadas presentes não só estarão reforçando a sua imagem de entidades sustentáveis, com todos os seus desdobramentos no relacionamento com participantes, patrocinadoras e instituidores, como abrindo novos caminhos que as levarão a essa desejada perenidade.
Esses novos caminhos serão abertos com a ajuda dos vários expositores no evento, entre eles Elodie Feller, coordenadora da Comissão de Investimentos da UNEP – United Nation Enviroment Programmer (da ONU). Ela antecipará em sua apresentação no seminário os resultados do Relatório Global “Complying with your Fiduciary Duty: a Global Roadmap for EGS Integration”, cujo lançamento oficial ocorrerá uma semana mais tarde em Londres.
Segundo a UNEP, dez anos após dois importantes relatórios, muitos investidores têm dado passos positivos para incorporar os riscos da sustentabilidade, como parte de seus deveres fiduciários. Prova disso é apontada no Relatório 2014 do PRI, que mostrou que 67% dos signatários solicitaram aos seus gestores a integração com questões ESG em seus processos de investimentos, isto significando uma atenção especial a aspectos como meio-ambiente, desenvolvimento social e governança corporativa.
Do ponto de vista das políticas públicas e regulação, também houve evolução, sendo exemplos a Comissão de Revisão da Legislação sobre Dever Fiduciário e Investimentos no Reino Unido, o Código de Administração Sustentável do Japão, o Código para o Investimento Responsável na África do Sul e as Diretrizes Regulatórias para Relatórios não Financeiros e Direitos dos Acionistas da União Europeia.
Apesar dos progressos significativos, muitos investidores ainda não estão considerando plenamente as questões de ESG em seus processos de investimento e tomada de decisão, sendo o objetivo central do relatório que agora está sendo divulgado entender as razões pelas quais isso não ocorreu, bem como propor ações práticas para investidores institucionais e órgãos reguladores para minimização dos entraves.
Ideia do evento - A ideia que anima o evento do próximo dia 3 é trabalhar as práticas que de fato contribuam para perenizar as nossas entidades, obrigadas pelos muitos compromissos que carregam no longo prazo a se mostrarem sustentáveis. Para esse fim valem iniciativas ambientais, sociais, econômico-financeiras e de governança, desde que ajudem a levar uma vida estavelmente saudável pelas muitas décadas que se mostrarem necessárias para atender o passivo.
Entidades ganhadoras - A cerimônia da premiação se dará por ocasião do seminário, sendo os trabalhos vencedores de cada categoria apresentados aos participantes do evento. São ganhadores do 1º Prêmio Abrapp de Sustentabilidade: “A Responsabilidade Socioambiental na PREVI” (PREVI); “Temas Econômicos - Política e Gestão de Investimentos/ Critérios Socioambientais” (INFRAPREV) e “Projeto Gestão do Ciclo Planejamento Previdenciário” (QUANTA PREVIDENCIA UNICRED).
O interesse despertado junto ao quadro associativo e, mais que isso, o ritual marcante que vai cercar a entrega do Prêmio às ganhadoras, naturalmente traduz a importância que dirigentes e profissionais de fundos de pensão creditam hoje ao tema sustentabilidade. Uma postura que é vista como única forma de assegurar a perenidade, algo fundamental em um sistema cujos ciclos envolvem décadas de duração. Mesmo porque a premiação reflete à perfeição e encoraja o cumprimento do principal objetivo dos fundos de pensão, o de pagar benefícios no longo prazo, o que naturalmente os obriga a serem sustentáveis num horizonte de tempo muito maior.
Diretorias presentes - Para Acyr Xavier Moreira, Coordenador da Comissão Técnica Nacional de Sustentabilidade da Abrapp, ao envolver as diretorias o Prêmio termina por trazer os principais dirigentes das entidades para mais perto do tema sustentabilidade, o que favorece enormemente a aceitação e valorização do assunto internamente.
Ele entende que, mais do que fazer com que as entidades abracem objetivos de responsabilidade socioambiental ao investirem os seus ativos, essa primeira edição do prêmio tem por missão fazer com que fundos de diferentes portes compreendam práticas e processos que já adotam e como elas se alinham nessas questões de responsablidade socioambiental. E também que passem a conhecer outros fundos que adotam essas boas práticas.
Essas práticas, nota Acyr, vão desde a definição de politicas internas práticas e transparentes, passando por um relacionamento com a máxima transparência com os participantes e o investimento com boas práticas de governança, até o consumo consciente nas próprias entidades.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 01.09.2018.