Por Martha Corazza
Em momento de incertezas no cenário econômico, ganha dimensões ainda maiores o desafio dos programas de educação financeira e previdenciária das EFPCs como ferramenta para orientar os participantes sobre o funcionamento dos fundos de pensão, a importância da poupança previdenciária e como tomar decisões adequadas em relação às contribuições, modelos de recebimento de benefícios e opções de perfis de investimento, entre outros aspectos.
Desafio que tem sido cada vez maior em todo o mundo por conta de fatores como o aumento da expectativa de vida e as turbulências econômicas globais. No Brasil, tem crescido a demanda pela montagem desses programas, explica o consultor da Mercer, Geraldo Magela. “Essa é uma preocupação constante nos planos das EFPCs, comunicar melhor para educar seus públicos, mas este ano temos assistido a uma demanda surpreendente”, informa o consultor. A tendência é de que esses programas cresçam expressivamente, tanto no que diz respeito às questões ligadas diretamente à previdência – adesão aos planos; maximização de contribuições; escolha do melhor perfil de investimento, opções de renda e aspectos de consumo para os aposentados – quanto nos temas indiretos, como a elaboração de orçamento e planejamento financeiro para a aposentadoria. “Com a alta do juro e a grande volatilidade nas bolsas, é fundamental que as decisões em relação aos perfis de investimento sejam conscientes”.
Embora os planos permitam mudanças de perfis apenas em períodos pré-determinados, a educação é essencial para evitar opções ditadas pelo “efeito manada”, que é comum nos mercados financeiros. Além disso, diz Magela, é visível também a preocupação de garantir orientação aos aposentados em relação aos custos crescentes da assistência médica, num esforço educativo para que eles se precavenham e não enfrentem insuficiência de recursos no futuro.
Oportunidade - Despertar o interesse pela poupança previdenciária e estimular a maximização de contribuições além do patamar obrigatório em seus planos é o foco dos programas de educação promovidos pela Fundação CESP, que inclui ainda um grande esforço para informar os participantes sobre a escolha da forma de recebimento de benefícios. “Quando existem opções além da renda vitalícia, esse é um dos momentos mais importantes de todo o processo previdenciário e procuramos orientá-los porque criamos algumas alternativas em nossos planos CV, como o benefício atualizado pela rentabilidade dos investimentos ou calculado por um percentual do saldo”, explica o diretor de Previdência da Fundação CESP, Euzébio Bomfim. “Se o participante conseguir calibrar corretamente essas opções, poderá garantir uma renda perpétua”. Educar para prover um conhecimento pleno da previdência é vital para enfrentar momentos de intempéries econômicas e financeiras. “Há uma parcela da população que ficou acostumada com rentabilidades altíssimas, então a educação financeira e previdenciária cria uma oportunidade para explicar noções básicas de investimentos e oferecer ferramentas para a tomada de decisões”, ressalta Bomfim.
“Crise ou oportunidade” é justamente o tema central do 3º Encontro Nacional de Educação dos Fundos de Pensão, que acontecerá no próximo dia nove de setembro. “O momento traz oportunidades importantes de educação nesse contexto de crise e de expectativa de recessão econômica”, observa a coordenadora da CTN de Educação da Abrapp, Consuelo Simões Pinto Vecchiatti. Além de aproveitar para reforçar os conceitos de planejamento futuro, ela lembra que “os programas devem contribuir para fortalecer o relacionamento com os participantes e reforçar a imagem dos fundos de pensão num ambiente cuja palavra-chave é confiança”.
Fonte: Abrapp, em 19.08.2015.