Por Osvaldo Haruo Nakiri
Recentemente, em Brasília uma pessoa caiu de uma grande altura. O Corpo de Bombeiros socorreu o estropiado e o encaminhou ao Hospital. Entretanto, lá chegando, a sua internação foi recusada. O médico que o recusou, estressado, desabafou perante as câmaras de televisão, alegando que no estabelecimento falta tudo, inclusive mão-de-obra e remédios.
Um bombeiro lhe deu voz de prisão (bombeiro tem essa autoridade) mas seu colega, mais sensível, optou pelo diálogo. O desabafo do médico foi tocante, mostrando todo o seu desespero de, querendo, não poder ajudar. O estropiado acabou falecendo horas depois.
Este hospital em que o médico trabalha é o Hospital de Base da capital do Brasil, a poucos quilômetros do centro de poder da nação. Pode isso?
Se procurar na internet há testemunhos de outros profissionais da saúde testemunhando a mesma situação por todo o país. Não há remédios em estoque, nem pessoal habilitado para atendimento, sem falar na falta de estabelecimentos para atendimento da população. É isso o que acontece enquanto se discute em Brasília se haverá impeachment, se a inflação sobe ou desce, se a lava jato vai realmente lavar a corrupção que permeia em tudo.
Parece que tudo depende das autoridades envolvidas. Não é? Mas será que a população não pode nada fazer, deixando exclusivamente a responsabilidade para os políticos de plantão?
Pela lei, remédios não podem ser vendidos individualmente. Então somos obrigados a comprar uma caixa quando necessitamos de alguns comprimidos apenas. Assim, consumimos 4 e sobram 16 (supondo que compramos uma cartela com 20 unidades) que vão para a caixa de remédios ou gaveta da cozinha, e lá ficam até nova necessidade.......ou até terem o seu prazo de uso vencido, quando são descartados sem o maior cuidado com isso.
Não conheço a lei, não sei o que as farmácias fazem com os remédios que estão para vencer e são retirados das prateleiras. São enviados de volta para as farmacêuticas presumo. E então que destinos têm?
Será que a população não poderia encaminhar as ‘sobras’ de remédio que temos em casa para postos policiais ou associação de bairro, ou aos próprios hospitais e postos de saúde? Isso teria que ser feito de forma eficiente e organizada, senão nada resolve.
As farmacêuticas não poderiam encaminhar os remédios devolvidos pelas drogarias aos hospitais e postos de saúde? Outras associações de empresas não poderiam se engajar nessa corrente?
Com certeza, os remédios terão uso imediato nos hospitais e postos de saúde, pela extrema penúria que se encontram. É o cúmulo escutar testemunhos de médicos, dizerem que pela falta de novalgina estão aplicando morfina, como eu escutei recentemente em uma reportagem. Não dá mais para ficar de ‘papo pro ar’, lavando as mãos como Pilatus, enquanto muita gente necessitada sofre em hospitais e postos de saúde.
(25.09.2015)