Por Márcia Alves
Enquanto a economia encolheu 3,8% no último ano, o setor de seguros cresceu 7%, de acordo com levantamento realizado pelo Sincor-SP. O resultado merece ser valorizado, apesar de estar abaixo esperado. Até porque no caso do segmento de seguros de pessoas, previdência privada, saúde e capitalização, os números apurados nos primeiros meses deste ano revelam alguma melhora. Em abril, o seguro de pessoas atingiu R$ 2,46 bilhões em prêmios, o que representa uma alta de 1,65% em comparação com o mesmo mês de 2015, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
Na análise de desempenho por modalidade de produto, o seguro de vida, que representa o maior volume do segmento, registrou prêmios de R$ 1,03 bilhão, correspondendo ao aumento de 5,46% em relação aos R$ 976,70 milhões computados em abril do ano passado. Em 2015, o ramo de pessoas teve faturamento de R$ 33,2 bilhões, com variação positiva de 6% em relação ao ano anterior, segundo o Sincor-SP. Já em saúde a receita total foi de R$ 32,4 bilhões — 13% a mais que em 2014.
Neste ano, no acumulado de 12 meses até março, o setor de saúde suplementar movimentou R$ 38,9 bilhões em receitas, apresentando o crescimento de 10,3% na comparação com o mesmo período de 2015, de acordo com levantamento da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). Por outro lado, as despesas assistenciais também aumentaram em ritmo acelerado, totalizando R$ 30,7 bilhões no primeiro trimestre, alta de 10,7% na comparação com o mesmo período de 2015.
O melhor resultado coube mesmo à previdência privada, cujos aportes nos planos (que incluem os PGBLs e os VGBLs) somaram R$ 8,9 bilhões em abril, registrando crescimento de 21,92% frente ao mesmo mês do ano anterior, quando os aportes foram de R$ 7,3 bilhões. Segundo a FenaPrevi, a captação líquida (diferença entre depósitos e resgates) no período foi positiva em R$ 4,8 bilhões, em comparação à captação líquida de R$ 3,6 bilhões de abril de 2015.
Dados da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap) revelam que, no acumulado de janeiro a abril, as reservas técnicas da capitalização atingiram R$ 30,3 bilhões, mantendo-se no mesmo patamar de 2015, enquanto os valores resgatados alcançaram R$ 6,2 bilhões no mesmo período, aumento de 20,3%. Nos primeiros quatro meses do ano, a receita global do setor chegou a R$ 6,5 bilhões, apresentando um pequeno decréscimo de 0,02. Nesse período, as empresas de capitalização distribuíram para seus clientes R$ 391,7 milhões em prêmios, o que representa crescimento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2015.
A análise do setor
No caso da saúde suplementar, apesar dos números positivos, o setor não enxerga motivos para comemorar, uma vez que as receitas e despesas assistenciais continuam em ritmo de desaceleração. A receita de contraprestações desse segmento aumentou 12,6% nos últimos 12 meses terminados em março de 2016, comparada ao mesmo período de 2015. Já a despesa assistencial (que engloba gastos com consultas, exames, internações terapias e outros) cresceu 12,4%.
No segmento de seguro de pessoas, a FenaPrevi reconhece os impactos da crise econômica, mas acredita em recuperação. “O mercado de seguros de pessoas não está blindado contra os efeitos da retração econômica, e o desempenho foi menor em relação a períodos anteriores. O momento adverso da economia e do cenário político é temporário e o setor está preparado para a retomada do crescimento”, afirma Edson Franco, presidente da FenaPrevi .
Ele também analisa que no caso da previdência privada, o bom desempenho revela que o segmento continua ocupando um papel importante no planejamento financeiro de longo prazo para garantir renda complementar na aposentadoria.
Apesar do pequeno decréscimo da capitalização nos primeiros meses do ano, o presidente da FenaCap, Marco Antônio Barros, aposta na grande variedade de soluções de negócios com sorteios que o segmento oferece. Segundo ele, os títulos para garantia locatícia vêm ganhando muito espaço no mercado, pois atendem à necessidade de quem precisa alugar um imóvel, residencial ou comercial, e não tem fiador. No último ano, a modalidade registrou uma arrecadação de R$ 1 bilhão, incorporando 16.619 clientes em todo país.
Em relação ao crescimento de 7% do setor de seguros em 2015, o presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, observa que esse aumento ficou levemente abaixo da taxa inflacionária no período, mas reconhece o mérito do setor. “É justo reconhecer o resultado positivo da atuação conjunta de seguradores e corretores de seguros, que, mesmo diante de um cenário adverso não esmoreceu, demonstrando claramente sua pujança e capacidade de superar dificuldades”, afirma.
Fonte: CVG-SP, 24.06.2016.