
- A bioeconomia tornou-se uma das maiores apostas do Brasil para gerar renda, estimular inovação, valorizar saberes tradicionais e conservar a biodiversidade, com a Amazônia como eixo estratégico da transição ecológica
- Os debates da COP30 reforçam o potencial do país para liderar soluções sustentáveis em escala global
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Dados e tendências que moldam o setor
O potencial econômico é expressivo: a bioeconomia brasileira pode movimentar R$ 100 a R$ 140 bilhões por ano até 2032, segundo o Fundo Vale, abrangendo alimentos inovadores, materiais biodegradáveis, biofármacos, cosméticos e novos materiais de base biológica.
O segmento de alimentos sustentáveis pode responder sozinho por até R$ 50 bilhões/ano. Biotecnologia, bioativos e bioinsumos - especialmente derivados dos recursos genéticos amazônicos - ampliam o valor agregado e atraem empresas e centros de pesquisa.
O Fundo de Bioeconomia da Amazônia (BID) já soma US$ 598 milhões para financiar cadeias produtivas sustentáveis, turismo ecológico, infraestrutura habilitante e restauração produtiva.
Mais de 20 startups operam no Innovation and Bioeconomy Center em Belém durante a COP30, criando soluções digitais, biotecnológicas, logísticas e sociais voltadas para cadeias regionais
Cadeias produtivas sustentáveis e inclusão social
As cadeias da sociobioeconomia conectam extração sustentável, beneficiamento local, produção agroindustrial e comercialização de fibras, óleos, bioativos, bioplásticos e alimentos tradicionais.
Parcerias entre seguradoras, BioParques, comunidades tradicionais e incubadoras viabilizam serviços ambientais remunerados, infraestrutura sustentável e acesso a mercados, gerando renda, fortalecendo a resiliência climática e mantendo a floresta em pé.
Políticas públicas e estratégia nacional
O Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda coloca a bioeconomia entre os setores prioritários para criação de empregos qualificados, descarbonização e inovação, com uso ampliado de blended finance.
O Eco Invest Brasil estimula investimentos com leilões e modelos financeiros híbridos, exigindo que pelo menos 60% do capital investido venha de fontes estrangeiras, combinando crédito, fundos garantidores e mitigação de riscos.
Entre as metas estruturantes estão:
- multiplicar por dez o mapeamento genético dos biomas
- criar mil novos negócios científicos por ano
- consolidar o Brasil como polo global de soluções sustentáveis
Desafios e oportunidades
Apesar do potencial, apenas 10% da flora brasileira está geneticamente mapeada, um dos maiores gargalos para inovação e biotecnologia. A expansão das cadeias produtivas também depende de mais investimento em infraestrutura, logística, assistência técnica e acesso a tecnologias.
Outro ponto essencial é desenvolver produtos e serviços financeiros adaptados à bioeconomia, garantindo que o valor econômico permaneça nas comunidades que protegem os biomas.
Fonte: CNseg, em 14.11.2025