Por Antonio Penteado Mendonça
A COP 30 está acontecendo e entre secos e molhados terá munição para todos os lados, a favor, contra, indefinido, ausente, etc. Com certeza não será um sucesso retumbante, mas também não será um fracasso estrondoso. Muito do que está sendo falado ficará nas palavras, muito do prometido ficará nas promessas, mas algum ganho será contabilizado, começando pela ideia brasileira da “floresta em pé para sempre”.
Importante notar que a maior parte dos recursos previstos para o programa só deverá ser integralizada no futuro, então, neste momento, a ideia deu certo, recebeu apoios (mais em palavras do que em doações) e serviu para dar consistência (momentânea?) a ideias que sem dúvida são boas, só não se sabe se são exequíveis. 25 bilhões de dólares é muito dinheiro e quem mais prometeu recursos está disposto a investir 3 bilhões de dólares, enquanto o Brasil, pai da ideia, vai destinar um bilhão de dólares e Portugal, meros um milhão de euros.
O tema das mudanças climáticas é apaixonante, quente, move montanhas, mas desde o Acordo de Paris, muito foi prometido e pouco foi feito. O aquecimento global está em níveis acima do previsto. Ameaças concretas pairam sobre todos os continentes, eventos climáticos com intensidade jamais vistas ocorrerão antes que algo possa realmente ser implementado e por aí vamos, num quadro que não é otimista, mas que não comove boa parte dos principais poluidores do planeta.
Estados Unidos e China, os dois primeiros colocados no quesito emissão de gases do efeito estufa não estão preocupados com a COP30. Sem eles não há a possibilidade de se avançar no tema. E outros países não estão com nenhuma vontade de suspender a produção de petróleo, o que, pragmaticamente, está correto, já que o ser humano, nas próximas décadas, não terá capacidade de geração de energia alternativa em quantidade suficiente para abastecer o planeta.
Não é preciso mais do que o acima para mostrar que a COP30 permite todos os tipos de leitura e que elas serão utilizadas na defesa de todos os interesses, a favor ou contra. Quanto as mazelas como preços exorbitantes, obras inacabadas e a real situação urbana da cidade de Belém, com deficiências claras no saneamento básico, na recuperação do centro e na oferta de alojamento para turistas, isso será convenientemente esquecido, já que com a saída dos participantes volta tudo a ser “como era antes no quartel de Abrantes”.
Mas tem uma ação que, ao contrário de muita coisa que aconteceu e está acontecendo, desde o começo estava fadada ao sucesso. A “Casa do Seguro”, erguida pela CNseg, em Belém, foi um movimento estratégico com capacidade de mudar a visibilidade e a importância do setor de seguros dentro da sociedade brasileira.
A “Casa do Seguro” colocou o setor no mapa sociopolítico nacional. Ao se instalar em Belém, com uma longa agenda de eventos de todas as naturezas, inclusive com parceiros de outros setores econômicos, a Cnseg conseguiu uma visibilidade até agora inexistente para os players do setor.
Independentemente do sucesso ou do fracasso da COP30, o setor de seguros saí de Belém engrandecido e com outra dimensão dentro da economia e da vida nacional. Se antes a atividade era algo escondido no meio do turbilhão econômico, com o próprio governo sem muita noção da sua importância, com a movimentação dinâmica e intensa da “Casa do Seguro”, a CNseg e as seguradoras que foram a Belém, mudaram o patamar do setor perante a sociedade brasileira. Daqui para frente, o seguro terá um reconhecimento que até hoje ele não tinha tido.
Fonte: SindSeg SP, em 14.11.2025.