O indicador da consultoria Mercer mostrou que o sistema previdenciário brasileiro passou da 14ª posição registrada em 2013 para a 18ª colocação neste ano, entre 25 países avaliados
Por Fernanda Bompan
Estudo divulgado ontem pela consultoria de recursos humanos Mercer apontou que o Brasil piorou em ranking global de previdência, incluindo a social e a complementar.
O Índice Global de Previdência Melbourne Mercer deste ano mostrou que o sistema previdenciário brasileiro passou da 14ª posição registrada em 2013, entre 25 países avaliados, para a 18ª colocação em 2014.
"Embora não tenha havido mudança significativa no índice calculado para o Brasil - de 52,8 em 2013 para 52,4 em 2014, em uma escala até 100 - a inclusão de novos países com sistemas de previdência melhor avaliados fez com que o Brasil perdesse algumas posições nesse ranking", justificou a consultoria, por meio de comunicado.
Explicação
O consultor de aposentadoria da Mercer, Leandro Ribeiro, explicou ao DCI que o resultado representa a média de três pilares avaliados. "O pior resultado foi no subíndice sustentabilidade, que analisa quanto que o país tem de recursos para arcar com o benefício, qual a idade mínima para aposentadoria e a dívida do governo com isso, e sabemos o quanto o INSS é deficitário, entre outros fatores."
Com relação ao subíndice "sustentabilidade" - cujo peso é de 35% no indicador geral -, a nota do Brasil foi abaixo da média dos demais países, próximo a 50, ao alcançar 26,2. "Isso foi puxado com mais peso pela baixa quantidade de pessoal economicamente ativo que têm plano de previdência complementar e pelo total de ativos em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] para planos de previdência social e complementar", cita.
Nos demais pilares - adequação e integridade -, o País ou está coerente com a média das demais nações pesquisadas ou até acima disso. No primeiro caso, que se refere, por exemplo, se a pessoa terá qualidade de vida após se aposentar e cujo peso no indicador é de 40%, a nota do Brasil foi de 61,8. E no outro subíndice, que demonstra a regulamentação em cima dos planos de previdência privada e a governança, entre outros fatores (com peso de 25%), a nota brasileira foi de 74,2.
Ou seja, segundo o estudo, apesar de a colocação do Brasil estar logo abaixo da média geral de 60, o País manteve a classificação 'C' que indica um sistema com algumas características consideradas boas, mas também apresenta consideráveis riscos.
Soluções
O consultor da Mercer aponta que dentre as principais mudanças a serem feitas pelo governo brasileiro é a de aumentar a idade média. "Em países mais desenvolvidos, a aposentadoria começa aos 65 anos ou acima disso. No Brasil é em torno de 60 anos. O problema é que essa é uma medida polêmica", entende.
Outra solução, mais viável na visão dele, é implementar a "aposentadoria gradual". "Uma pessoa poderia se aposentar de forma parcial e optar por trabalhar três dias da semana, durante cinco anos e isso ir diminuindo de modo que o tempo de contribuição aumente", exemplifica Ribeiro.
A advogada Camila Pellegrino Ribeiro da Silva, do JCMB Advogados e Consultores, comenta ainda que além de o governo tomar medidas, mesmo que impopulares, como o fator previdenciário, criar mecanismos de incentivos à população poupar mais ou criar entidades de previdência privada por meio do "fomento tributário" também são necessários para reduzir a dependência dos brasileiros na previdência social.
Fonte: DCI, em 14.10.2014.