As principais empresas de auditoria estiveram reunidas com o superintendente da Previc, Carlos de Paula, e sua diretoria, no último dia 13. Em seu primeiro encontro com o setor, de Paula mostrou que vai buscar uma aproximação maior da autarquia com as empresas, diz Marcelo Teixeira, sócio da Deloitte que esteve na reunião representando o Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil).
As auditorias aproveitaram a reunião para sugerir à diretoria da Previc algumas mudanças que em sua visão podem aprimorar o seu trabalho realizado junto às entidades fechadas de previdência complementar. Entre elas, a de que o prazo final para que auditores e atuários entreguem as demonstrações financeiras dos fundos de pensão seja alterado, uma vez que, atualmente, ambos têm até 31 de março para fornecer os trabalhos à Previc. “Não faz sentido o auditor e o atuário terem o mesmo prazo, às vezes as informações sobre as reservas, o passivo atuarial, chegam muito tarde, e colocam a gente contra a parede”, diz Teixeira. “Teria de ser um cronograma diferente, ou o atuário antecipar a entrega ou postergar a nossa, isso realmente é uma coisa que vale a pena e acho que eles se mostraram bastante receptivos em relação a recomendação”.
Outro ponto colocado foi de seguir práticas de outros órgãos reguladores, como Susep (Superintendência de Seguros Privados), CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e BC (Banco Central), que exigem que as auditorias tenham certificados para trabalhar no segmento previdenciário, que exige conhecimentos não só contábeis, mas atuariais. “Sugerimos que a Previc deveria estudar essa questão, talvez criar um processo de certificação das auditorias, ou estabelecer que os profissionais que atendem previdência devam ter um certificado da Susep ou do BC”, fala o sócio da Deloitte.
A certificação, pondera Teixeira, poderia ajudar a minimizar a troca constante que muitas fundações realizam de seus auditores, calcada principalmente no preço. “Às vezes trocar é salutar, mas de um ano para o outro dificulta o trabalho do auditor. Entre os grandes fundos de pensão há um processo bem estruturado de seleção de auditores, já não acontece tanto, mas em geral na indústria tem muito esse problema”, diz o executivo. Com a certificação as entidades poderiam filtrar melhor seus auditores no momento da escolha, para não ter de fazer trocas constantes, diz.
As auditorias sugeriram ainda que as entidades fechadas de previdência entreguem demonstrações semestrais, e não anuais, para aprimorar o controle das contas dos fundos de pensão. E também que, dentro da fundação, tivesse algum conselho, seja o deliberativo ou o fiscal, que ficasse responsável por monitorar que as recomendações feitas pelas auditorias fossem de fato implementadas.
Além do sócio da Deloitte, estiveram na reunião representates da PwC, KPMG, E&Y e Fernando Motta Auditores.
Fonte: Investidor Institucional, em 27.02.2015.