Quando se fala em investimentos na aposentadoria, temos que verificar todo um passado na acumulação de recursos no caminho de quem conseguiu chegar até esse estágio da vida, assim, costumo dividir em 3 situações diferentes:
1. Os que pouparam com uma previdência complementar, juntamente com outros investimentos
2. Os que tiveram capacidade de suficiente para reunir recursos para manter a qualidade / padrão de vida na aposentadoria
3. Os da “geração salsicha “, a qual me incluo, onde ao longo da vida laborativa, cuida dos pais e dos filhos Não vamos incluir os aposentados pelo regime do INSS, que acredito, mesmo recebendo o teto, que hoje valor bruto é de R$ 8.157,41, pelas regras atuais, muito difícil alcançar esse valor, não deve sobrar nada para investir.
Começando pelos que tiveram o privilégio de construir uma previdência complementar, seja individual ou com a participação de empresa patrocinadora de um plano de previdência para seus funcionários, dependendo da modalidade do plano, BD (benefício definido), CD (contribuição definida) ou CV (contribuição variável), o que sobra para investir vai depender das necessidades individuais.
No BD, que é um plano onde, se pressupõe que vai receber algo próximo ao último salário, e se atendia as necessidades básicas, pode ser que ainda sobre algo para investir ou aproveitar e realizar alguns sonhos que não teve tempo ou recursos durante os 30/35/40 anos de trabalho.
Nos planos CD ou CV, que são muito parecidos, o assistido (não gosto muito desse termo), a responsabilidade de administrar a sua reserva de poupança é exclusivamente dele, isto é, ele define o percentual de retirada ou por um prazo determinado, se errar a “mão”, vai faltar recursos e sobrar vida, se ele não fez uma poupança extra, vai faltar dinheiro para suas necessidades, sem nenhuma sobra para investimentos, pelo contrário alguém vai ter que contribuir.
Entretanto, se a reserva feita é robusta, podendo retirar um percentual que de conforto e ainda consiga capitalizar sua reserva de poupança, certamente o medo de faltar dinheiro no fim da vida fica reduzido.
Para os que não tem uma previdência complementar, mas construíram um patrimônio ao longo da vida, seja imóveis, ações, renda fixa,etc, a situação é outra, não “pingando” mais o salário no fim do mês, tem que se programar para viver dos rendimentos dos ativos ou pior começar vender.
O que vejo nestes casos, e quando a pessoa se aposenta, tem mais tempo para administrar seu patrimônio, tempo para se informar, pesquisar, estudar, etc, o que ocorre geralmente é uma troca de investimentos, tentando reduzir o risco do patrimônio, pois se um investimento com maior risco, não der certo, provavelmente não vamos ter vida útil suficiente para repor essa perda.
A geração “salsicha”, essa é complicada, se por um lado ajudam os pais que não tiveram oportunidade de criar patrimônio ou reservas, por outro, se sentem na obrigação de dar aos filhos/netos, uma melhor qualidade de vida, conforto, instrução, nesses casos, acho difícil sobrar algum recurso para investimentos, e se sobrar, o coração fala mais alto.
Enfim, investimentos na aposentadoria, não vejo uma regra definida, muito individual, depende da formação e qualidade do patrimônio, do momento de vida, das suas necessidades, dos sonhos e principalmente da saúde.
O mais importante é manter-se ativo, porque uma coisa é viver, outra e ter uma vida útil.
Fico por aqui.
Saúde e bons investimentos.
*Formado em Ciências Contábeis pela Universidade Rural do Rio de Janeiro e MBA em Mercado de Capitais na Fundação Getúlio Vargas. Ex- Diretor da Abrapp. Com 46 anos de experiência no mercado financeiro, passando por diversos setores de atuação principalmente em fundos de pensão em renomadas empresas como: Banco Garantia, Banco de Boston, Previma – fundo de pensão da ANDIMA e Banco Brascan.
Artigo publicado originalmente na Revista Acathen
Fonte: Abrapp em Foco, em 10.11.2025