Por Irineu Uehara
Atos de corrupção têm de ser divulgados e punidos para servir de exemplo
A fim de fortalecer as políticas de governança corporativa, é preciso promover um alinhamento mais estreito dos processos e disciplinas ligados ao tema. Essa abordagem mais ampla possibilita, por exemplo, combater com maior proficiência os ilícitos praticados no âmbito das empresas, adequando-as melhor aos dispositivos estipulados na Lei Anticorrupção.
Como recomenda Rogeria Gieremek, gerente executiva de compliance para a América Latina da Serasa Experian e presidente da Comissão Permanente de Compliance do IASP, as áreas de gestão de riscos, conformidade, controles e auditoria internos devem trabalhar de forma integrada. Desse modo, uma organização poderá tomar decisões e desenvolver procedimentos e políticas que elevarão a efetividade de sua governança, ou seja, de sua sustentabilidade.
“A integração destas áreas, além do mais, dificulta que malfeitos sejam praticados se surgirem eventuais lacunas nos controles, o que pode ocorrer”, acrescenta a entrevistada. Assim, as reuniões constantes entre os diversos setores, para compartilhamento dos assuntos em discussão, constituem uma maneira bastante simples e eficaz de fortalecer essas políticas.
Neste contexto, cabe também dar conta dos aspectos culturais da questão, destacando-se aí o chamado “jeitinho” brasileiro, o qual pode redundar em sérios riscos à governança, ao privilegiar a prática contumaz de improvisações, de gambiarras e de desrespeito a normas.
Com o intuito de atacar este problema, que deita fundas raízes em nossa cultura, Rogeria preconiza, antes de mais nada, a promoção de treinamentos e de um esforço de conscientização permanente, bem como com a implementação de controles internos e monitoramento intensivo.
“Porém, a providência mais importante, a meu ver, é o exemplo, com a divulgação dos casos de corrupção descobertos, apurados e punidos. Veja-se que não se está aqui a sugerir a humilhação pública de quem quer que seja, mas, sim, a informação aos empregados dos casos investigados e das respectivas consequências”, explica ela.
No entender da especialista da Serasa Experian, esta atitude é uma grande inibidora dos ilícitos, assim como a sensação de impunidade é a principal causa da continuidade das ações nefastas para a empresa. “Cultura não é algo que se possa mudar de um dia para o outro, mas essa mudança, no caso, é imprescindível para que tenhamos um país melhor para viver e criar os nossos filhos e netos”, conclui.
Fonte: Executivos Financeiros, em 21.07.2014