Nesta quinta-feira (11), a Anahp promoveu mais uma edição do Anahp Ao Vivo, desta vez em parceria com os Arquitetos da Saúde para uma análise econômico-financeira do segundo trimestre da saúde suplementar. O debate, mediado por Antônio Britto, reuniu Adriano Londres e Luiz Feitosa para analisar os dados recém-divulgados pela ANS, além de informações compiladas pelo Sistema de Indicadores da Anahp.
Os números mostraram operadoras em recuperação inédita desde a pandemia, enquanto os hospitais seguem sob forte pressão — com margens em queda, glosas elevadas e fluxo de caixa cada vez mais apertado
“Não faz sentido ver a melhora expressiva das operadoras sem que isso represente também uma melhora para os prestadores” — Antônio Britto
Confira os principais pontos destacados.
Melhoria no desempenho das operadoras
- A sinistralidade caiu para 81%, o menor índice em 11 anos.
- Resultado operacional das operadoras chegou a 7,5%, o melhor da série histórica.
- Número de operadoras com prejuízo caiu para 20% (ou 18% dos beneficiários).
“Obviamente que há uma correlação entre resultado e sinistralidade. Quanto menor a despesa sobre a receita, maior o resultado” — Luiz Feitosa
Crescimento de beneficiários com cautela
- O trimestre registrou +690 mil novos beneficiários, crescimento maior que o de todo 2024.
- Porém, pode haver represamento de cancelamentos (190 mil a 240 mil vidas), o que ajustaria o saldo real.
- Expansão concentrada em São Paulo e Rio de Janeiro, mas presente em várias regiões.
“690 mil pessoas a mais em um trimestre é maior do que o crescimento inteiro de 2024” — Adriano Londres
Mudança nos modelos de remuneração
- Forte queda do fee for service: de 83% (2019) para 57% em 2025.
- Avanço dos pacotes assistenciais (12,5%) e maior verticalização (13,5%).
- Reembolso em queda, após denúncias de fraudes e maior controle das operadoras.
“O ponto essencial é entender como cada modelo afeta, de fato, a vida do paciente” — Adriano Londres
Reservas técnicas em alta
- Destaque para a PEONA, com crescimento acima do esperado e forte impacto das seguradoras.
- Debate sobre a sustentabilidade: reservas elevadas afetam fluxo de caixa e velocidade de pagamento a prestadores.
“Até quando esse provisionamento da PEONA vai continuar subindo nesse tanto?” — Luiz Feitosa
Pressão sobre hospitais
- EBITDA hospitalar caiu de 14,0% (2T23) para 10,7% (2T25), queda em todos os portes.
- Glosa inicial subiu para 14,6%, mas apenas 1,97% se confirma como glosa final.
- Resultado: atraso nos pagamentos, redução da capacidade de investimento e maior tensão na relação com operadoras.
“É um absurdo começar com 14% de glosa e terminar com apenas 2%. Isso gera custos enormes para os hospitais” — Adriano Londres
Desafios e perspectivas
- Custo per capita desacelerou, mas com efeito de downgrade de produtos e coparticipação.
- Há sinais de eficiência: tempo médio de internação caiu de 4,3 para 3,7 dias.
- Expectativa é de que 2025 seja o melhor ano das operadoras desde a pandemia, mas com risco de desequilíbrio estrutural se prestadores não forem beneficiados.
“Não interessa que só um elo esteja bem. A sustentabilidade virá quando operadoras, hospitais e contratantes crescerem juntos” — Luiz Feitosa
Conclusão
O encontro mostrou que o setor de saúde suplementar vive uma fase de recuperação inédita desde a pandemia. No entanto, os especialistas alertaram que a sustentabilidade só será real quando os ganhos alcançarem toda a cadeia: operadoras, hospitais e contratantes.
“Somos como um sistema solar: não basta que um planeta brilhe sozinho, é preciso que haja luz para todos” — Antônio Britto
Assista aqui ao evento na íntegra.
Fonte: Anahp, em 12.09.2025