Por Gleise de Castro
Cuidar menos da doença e mais da saúde é a chave para tornar sustentáveis os sistemas de saúde em vigor tanto no Brasil como em outros países. O modelo centrado no tratamento, depois que a doença está instalada, resulta em gastos cada vez mais elevados, sem o equivalente em ganhos significativos para o bemestar das pessoas. Por isso, é consenso entre especialistas que o desenho atual precisa ser substituído por um sistema baseado em ações preventivas.
"O foco da saúde, na última década, foi muito centrado na ciência da doença, uma visão equivocada. Muito mais importante é poder não ficar doente", disse Giovanni Guido Cerri, presidente do conselho diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Inrad/HCFUSP) e vicepresidente do Instituto Coalizão Saúde, no workshop "Cuidar da Saúde, não da Doença", promovido pelo Valor, quartafeira, em São Paulo. Agravada pelo envelhecimento da população, com o consequente aumento dos casos de doenças crônicas nãotransmissíveis, a sobrecarga de custos para os sistemas de saúde é um problema debatido no mundo todo. Nos Estados Unidos, os gastos com saúde atingem hoje 17% do PIB americano e a projeção é que o percentual alcance 30% em 2030. Não à toa, esse foi um dos principais argumentos para aprovação do chamado Affordable Care Act (ACA), ou Obamacare, a reforma do sistema de saúde instituída pelo presidente americano, em vigor desde 2014.
Fonte: Valor Econômico, em 06.11.2015.