Por Alexandre Sammogini

A Abrapp realizou nesta segunda-feira (10/11) o webinar “Guia de Implementação de KRIs nas EFPC” com seus autores da Comissão Técnica de Governança e Riscos Leste-Sudeste. O guia foi disponibilizado para as associadas no último mês de julho e traz um roteiro prático para apoiar as entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) na estruturação e aprimoramento da sua gestão de riscos com a utilização dos KRIs – indicadores-chave de riscos – leia mais.
Luiz Carlos Cotta, Diretor Vice-Presidente da Abrapp e responsável pelo acompanhamento das Comissões Técnicas de Governança e Riscos fez a abertura do webinar destacando a importância da utilização desses indicadores para o aprimoramento do controle de riscos das entidades. “Neste webinar, trazemos os especialistas que poderão explicar a utilização dos indicadores para a gestão estratégica das fundações”, disse. Ele ressaltou a necessidade de se fortalecer a cultura do risco com sua correta avaliação e monitoramento através dos indicadores.
Marcelo Cortez, Coordenador da Comissão Técnica Leste-Sudeste de Governança e Riscos e um dos autores do guia abordou a utilização dos KRIs financeiros como metodologias de mercado amplamente conhecidas. “Não queríamos reinventar a roda. Apenas pensamos em incentivar a utilização desses indicadores, que ainda são pouco conhecidos e divulgados, para auxiliar na sustentabilidade dos compromissos da entidade”, comentou.
O profissional explicou que os KRIs são métricas para prever exposições ao risco com o objetivo de mitigá-los. Com seu constante monitoramento, é possível reduzir os riscos em diferentes áreas de atuação de uma EFPC. No caso dos KRIs financeiros, Cortez apresentou os indicadores para o monitoramento dos seguintes riscos: crédito, mercado, liquidez, sistêmico e solvência.
O risco de crédito avalia a possibilidade de inadimplência de devedores com a realização de cálculos de perda esperada. O risco de mercado prevê as oscilações do mercado devido a eventos diversos impactados pelas taxas de juros, câmbio e extraordinários como, por exemplo, a pandemia. Neste caso, o principal indicador é o VaR – Valeu at Risk.
Já o risco de liquidez aponta para a possibilidade do não cumprimento de obrigações devido à falta dos ativos no momento necessário. Por isso, é necessário realizar o “casamento” com as obrigações das folhas de pagamento. É diferente do risco de solvência, que avalia a possibilidade de insuficiência dos ativos. Já o risco sistêmico refere-se a eventos que afetam todo um segmento, como ocorreu com o fenômeno “Americanas”, que impactou o mercado de ativos de crédito privado.
Indicadores Institucionais – “O guia realmente foi pensado dentro da comissão com o objetivo de ajudar as entidades no seu dia a dia, com um enfoque bastante prático nos seus diferentes sistemas de gestão de risco, de acordo com o seu porte e complexidade” destacou Ana Nolte, Especialista da UniAbrapp.
Ela explicou que o KRI se diferencia dos indicadores de performance pelas suas faixas, que precisam estar conectadas ao apetite por risco declarado pela administração. É importante que esses indicadores estejam na pauta das diferentes reuniões da organização, para que traduzam ações concretas, gerem melhorias e, a partir dos resultados obtidos, promovam revisões de processos e normatizações.
A especialista apresentou alguns exemplos de indicadores do grupo de riscos institucionais e formas de apurá-los. O Indicador de Percentual de Tratamento de Vulnerabilidades de Softwares pode ser apurado utilizando expertise interna ou terceirizada para realizar testes, ou seja, simulações autorizadas que identifiquem ameaças e vulnerabilidades.
O Indicador de Resultado da Pesquisa de Satisfação junto aos participantes e Assistidos deve considerar, na apuração, o critério de seleção da amostra, para evitar vieses. A amostra precisa ser representativa dos públicos, com o objetivo de capturar a percepção dos participantes e assistidos sobre diferentes aspectos da entidade, como qualidade do atendimento e dos produtos.
Outro exemplo foi o Indicador de Desligamento Voluntário. Na apuração, a área de gestão de pessoas registra os desligamentos e realiza entrevistas para compreender as motivações. Essas informações são fundamentais para orientar ações voltadas à retenção de talentos.
Indicadores Atuariais – Jorge Sobrinho, membro do Conselheiro Deliberativo da MercerPrev, apresentou aspectos relacionados aos indicadores atuariais. Segundo ele, o foco do monitoramento de risco nessa área envolve duas condições: verificar se o participante está acumulando recursos suficientes para garantir uma aposentadoria adequada e se haverá recursos suficientes para o pagamento dos benefícios.
O principal ponto de atenção é o risco de acumulação. É essencial acompanhar o desempenho do plano ainda durante a fase ativa. A proposta é adotar uma métrica que acompanhe toda a trajetória do participante, indicando, conforme a idade, quanto ele deveria ter acumulado naquele momento.
Para construir esse tipo de KRI, foram buscadas referências na literatura internacional sobre modelos de acumulação. “Concluímos que o ideal seria uma taxa de capitalização em torno de 15% do salário, considerando a soma das contribuições do participante e do patrocinador”, explicou Jorge.
Com base nesse conceito e na metodologia de acompanhamento do benefício ao longo do tempo, foram desenvolvidas formas de cálculo que permitem avaliar o desempenho da acumulação. O objetivo é que, ao chegar à aposentadoria, o participante possua um saldo equivalente a pelo menos 9 vezes o seu salário anual.
Clique aqui para acessar a gravação do webinar.
Fonte: Abrapp em Foco, em 10.11.2025.