Por Bruna Chieco

O primeiro dia do 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), realizado nesta quarta-feira (22/10), contou com painel sobre perspectivas e oportunidades no mercado de crédito. Intitulada “Ainda há prêmio no mercado de crédito?”, a apresentação foi ministrada por Felipe Niemeyer, Sócio-Diretor responsável por Business Development na Root Capital, com a participação de Carlos Garcia, Sócio-Fundador da Itajubá, que conduziu as perguntas ao palestrante.
Felipe Niemeyer pontuou que o mercado de crédito pode oferecer maior prêmio se o investimento for feito no momento certo. “Acho que, quando pensamos em crédito, precisamos quebrar as diferentes caixinhas por liquidez. No ano passado, o maior capital injetado foi em fundos de crédito com liquidez de 0 até 61 dias. Ou seja, fundos com liquidez de 61 dias para cima tiveram resgate líquido”, comentou.
Ele explicou que, na parte líquida, entrou muito dinheiro, com uma quantidade finita de ativos. Com isso, os spreads foram para baixo e os preços subiram. Quando observado os ativos com menos liquidez, a história é exatamente o contrário: teve saída de recursos, menos capital disponível em um ambiente com muito ativo, ou seja, menos competição.
“Os spreads já fecharam tanto que não há mais espaço para fechar. Mas é preciso lembrar que ele pode abrir e, se ele abre, há marcação a mercado contra”, alertou. “Vejo uma simetria muito ruim nos fundos líquidos: pouco prêmio e muito espaço para abrir. Enquanto isso, os fundos com passivo mais longo, nos ativos com menos liquidez, ocorrem o contrário, muito prêmio e pouca competição. Então, eu estou muito otimista com os ativos com menos liquidez e muito pessimista com os ativos de crédito mais líquidos”.
Segundo ele, esse cenário surgiu porque o Brasil criou uma fórmula que não existe em nenhum outro lugar do mundo: a poupança do brasileiro está atrelada a ativos de alto rendimento, muita liquidez, baixo risco e, em alguns casos, até sem pagar imposto. E os grandes provedores de capital para daqui 50 anos são justamente as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC).
Mas o cenário atual atrai as EFPC para investimentos em NTN-B, já que é possível marcar esses títulos na curva e ainda ter um prêmio significativo acima da meta atuarial. “O capital no Brasil é estruturalmente mal alocado. Ou ele está atrelado ao CDI em ativo líquido, ou à NTN-B, também em ativo líquido. Por isso, no final das contas, quem é provedor de liquidez, ou vendedor de tempo, é muito bem remunerado”, reforçou Niemeyer.
Para ele, o ideal é que os investidores institucionais façam maior diversificação entre ativos líquidos e ilíquidos. “Em vez de ter um patrimônio muito líquido, eventualmente façam uma pequena migração para algo um pouco menos líquido, onde se é muito bem compensado por tomar esse risco”, ressaltou.
Momento de oportunidade – O palestrante explicou que, apesar dos juros elevados, esse é justamente um momento de boas oportunidades para quem atua no crédito. “Muitas pessoas falam que, com o juro a 15%, mais o spread, nenhuma empresa vai conseguir pagar. Várias realmente não vão, é verdade. Mas, se você for bem seletivo e escolher boas estruturas, esse é o momento em que dá para pedir mais garantias”.
Para ele, o cenário é contraintuitivo. “É justamente agora que dá para fazer opções melhores. A analogia que eu faço é a seguinte: quando a Bolsa está em 200 mil pontos, todo mundo quer. Quando cai para 80 mil, todo mundo foge. Mas é justamente nessa hora que deveriam estar comprando. É isso que está acontecendo com os créditos mais ilíquidos, o dinheiro fica ‘empoçado’”.
Niemeyer reforçou que quem tem capital disponível consegue aproveitar essa oportunidade. “O grande público institucional tem o melhor ativo do mundo: o tempo. Vocês podem capturar esse prêmio. Hoje há muita dúvida sobre o país, mas, no crédito, você está bem amparado, com muito mais garantias, pouca competição e pouca gente atuando nesse espaço. Se o cenário pessimista para os fundos líquidos acontecer, ou seja, se começar a haver abertura de spread, os fundos com menos liquidez vão ‘nadar de braçada’”, completou.
O 46º CBPP é uma realização da Abrapp, UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Diamante: ASA, Evertec, Itajubá Investimentos. Patrocínio Ouro: Aditus Consultoria Financeira, Aon Consultoria, BB Asset, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset, Galapagos Capital, Itaú, MAG Seguros, Mirae Asset, Principal Asset Management, REV Corretora, Safra, Santander Asset Management, SulAmérica Investimentos, XP Investimentos. Patrocínio Prata: Caixa Asset, Inter, MarketAxess, PFM Consultoria e Sistemas, Porto Asset, Trígono Capital, Vinci Compass. Patrocínio Bronze: Anbima, Az Quest, Consepro AI, Constância Investimentos, Fin4She, FRAM Capital, HMC Capital, Icatu Vanguarda, IIA Brasil, Investira, MAF Consultoria e Treinamento, MAPFRE Investimentos, Mirador Atuarial, Multifonds, Opportunity, Patrimonial Gestão de Recursos, Polo Capital, PORTO REAL, PRI, PRP Soluções, Real Investor, RJI Investimentos, TAG Investimentos, Tivio Capital, Vila Velha Corretora de Seguros, WEDAN Consultoria. Parceiro de Mídia: Gazeta Mercantil. Apoio Promocional: ABIPEM, Abrasca, ABRH, ABVCAP, ANABB, ANCEP, ANFIP Nacional, APIMEC Brasil, ASCPrev, B3, CRA-SP, FACPCS, FEBRABAN, FIAP, FIPECAFI, IBA, IBGE, Ibracon, PLANEJAR, Previpar, Tchê Previdência, UNIDAS.
Fonte: Abrapp em Foco, em 22.10.2025.