Por Antonio Penteado Mendonça

2025 chega ao fim. Como foi o ano para o mundo, para o Brasil e para o setor de seguros? Com certeza não foi fácil para nenhum deles, mas a vida não foi feita para ser fácil, foi feita para ser vida. Neste cenário, os resultados são diferentes e atingem com mais ou menos gravidade cada um dos segmentos elencados.
O mundo passa por um período extremamente conturbado, com duas guerras complicando as coisas, reescrevendo a ordem internacional, misturando tudo, chacoalhando e jogando os dados de novo. Nesse tumulto a única certeza é que a Europa deixou de ser a segunda para passar a ser a quarta protagonista no tabuleiro. Estados Unidos, China e Rússia dividem o campo e são eles que dão as cartas. A União Europeia descobriu isso da maneira mais dura possível. Com a guerra da Ucrania e a posição fora da caixa dos Estados Unidos, a Europa escancarou para o mundo que não passa de um dragão desdentando e sem fogo na garganta.
E na América do Sul as coisas podem ficar mal. Se os Estados Unidos atacarem a Venezuela, além da queda do ditador, as ondas de choque podem atingir outros países, entre eles o Brasil. Se isso acontecer o baralho será automaticamente misturado e ninguém sabe o que pode acontecer na próxima rodada.
Quanto ao Brasil, as leituras são no mínimo paradoxais. De um lado, o menor nível de desemprego das últimas décadas, de outro, a dívida pública ameaçando explodir. A inflação fora da meta leva os juros a patamares altíssimos. O crescimento do agronegócio contrasta com os outros números nacionais. O crime organizado e a violência ultrapassam as questões econômicas entre as principais preocupações da sociedade. E a polarização política leva a desmandos de todas as ordens, que só atrapalham a nação.
O setor de seguros foi o único participante da COP30 que marcou um golaço. Enquanto a conferência sobre o clima começou e acabou xoxa, a Casa do Seguro, montada em Belém para funcionar durante a COP, bombou e colocou o seguro em outro patamar de reconhecimento e importância entre os diferentes setores econômicos nacionais. Daqui para frente, não tem como o seguro não participar das grandes decisões sobre o futuro do país.
De outro lado, o governo, num ato suicida, decidiu taxar os investimentos acima de 600 mil reais nos planos de previdência complementar com 5% de IOF. A medida comprometeu o crescimento do setor que terá seu patamar de 2 dígitos, recorrente nos últimos anos, bastante reduzido.
Além disso, os eventos de origem natural devem ganhar frequência e escala, aumentado significativamente os prejuízos decorrentes das catástrofes climáticas. É fundamental a criação de uma política de prevenção de danos, como é fundamental o desenvolvimento de seguros que minimizem os prejuízos.
O tema está na mesa, até porque estamos entrando na época destas catástrofes e elas acontecerão com certeza matemática. É preciso que o governo se sensibilize para o tema. Mas é preciso também que o setor de seguros reafirme sua posição quanto ao seu comprometimento com as soluções.
Fazendo isso, somando e subtraindo os diferentes impactos, 2025 tem tudo para a acabar sendo um bom ano para o setor de seguros.
Fonte: SindSeg SP, em 05.12.2025.