Por Jorge Wahl
Termina 2015, um ano em que ficou ainda mais evidente o quanto os fundos de pensão, grandes investidores por natureza, são impactados pelos ciclos vividos pela economia brasileira. “Ciclos não por acaso são utilizados aí para enfatizar que vivemos uma fase que, como toda etapa, será sucedida por outra, acreditamos que marcada pela recuperação”, comenta o Presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, de posse das últimas projeções produzidas pelo Núcleo Técnico da Abrapp para o ano que vai se encerrando. Segundo resultados estimados, os 12 meses chegam ao fim com a carteira média do Sistema Fechado de Previdência Complementar registrando um retorno ao redor de 7,70%, contra os 17,30% atuarialmente requeridos, fruto da soma da Taxa de Juros Padrão (TJP) com o INPC acumulado no período.
Um detalhe para melhor entender: como a Taxa de Juros Padrão varia conforme o perfil do passivo da entidade, os técnicos da Abrapp elegeram como referência a TJP que seria aplicada a uma “duration” de 10 anos. Uma outra explicação necessária é que, tanto no caso do CDI quanto do Ibovespa e INPC, os índices de dezembro, ainda desconhecidos quando as projeções foram fechadas, são estimados.
Tais resultados refletem basicamente as dificuldades vivenciadas na renda variável e o efeito corrosivo da alta das taxas dos títulos públicos sobre o valor do estoque desses papéis já em poder das entidades. Como não é esperado que as taxas dos papéis de renda fixa subam em 2016 o quanto se elevaram este ano, o mais provável é que os fundos de pensão não voltem a provar desse tipo de impacto negativo no ano que vem. Isto é, como perto de dois terços da carteira estão alocados em renda fixa, 2016 por esse aspecto deverá ser um ano de recuperação dos resultados.
E, claro, lembrando que os fundos de pensão, sendo por natureza investidores de longo prazo, tenderão a levar tais títulos em sua maior parte ao resgate apenas no momento de seu vencimento. Dessa maneira, a tendência será se beneficiarem integralmente das elevadas taxas de juros contratadas.
Sócios da economia - O Presidente José Ribeiro nota que os fundos de pensão, na condição de sócios da economia brasileira, tenderão a beneficiar-se ainda mais dessa sociedade, a partir do momento em que o País retornar aos trilhos do crescimento, no próximo ciclo em que ingressar.
Um benefício a mais, lembra José Ribeiro, trazido pela forma consciente com que os fundos de pensão investem, orientados não só pelo pensamento de longo prazo, mas também por avaliações criteriosas da qualidade das empresas e dos projetos nos quais se inserem.
De toda forma, lembra José Ribeiro, a estabilidade de um plano não pode ser medida por resultados de um ano ou outro, uma vez que o determinante para a sua real sustentabilidade é um adequado casamento ao longo do tempo de ativos e passivo.
Uma verdade, aliás, que a nova regra de solvência veio reconhecer agora no final deste ano, ao subordinar a adequação de um eventual déficit ao “duration” dos planos de benefícios.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 30.12.2015.